Cerca de 450 mil separatistas catalães saíram às ruas neste sábado, em Barcelona, para exigir declaração de independência pelo presidente regional, Carles Puigdemont, presente na manifestação, em retaliação à Madri.
Mais cedo, o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, anunciou que irá pedir ao Senado a destituição do governo autônomo da Catalunha, a limitação das funções do Parlamento regional e a convocação de eleições locais antecipadas em, no máximo, seis meses. A intervenção implicará no afastamento dos conselheiros, do vice-presidente catalães, além do próprio Puigdemont — que lidera a campanha para se divorciar de Madri e corre o risco de ser processado caso, numa ousada e muito pressionada retaliação, declare a independência efetiva unilateralmente.
Os manifestantes entoavam gritos de “liberdade!” e “independência” nesta tarde, durante protesto que, originalmente, havia sido convocado para pedir a liberação de dois líderes independentistas que estão presos por suspeitas de sedição. Mas a declaração do presidente do governo espanhol acabou dando um tom ainda mais forte à marcha.
“É hora de declarar a independência!” — disse Jordi Baltá, de 28 anos, que não acredita que haja espaço para o diálogo entre Madri e Barcelona, ao contrário do que pede a comunidade internacional.
Respaldadas pelo artigo 155 da Constituição, as medidas punitivas provavelmente serão aprovadas pela maioria absoluta dos senadores espanhois na próxima sexta-feira. A proposta de Rajoy é que qualquer decisão do governo catalão deve, de agora em diante, submeter-se ao governo central, e ele mesmo terá poder de veto.
Puigdemont participou da manifestação, e a sua chegada foi recebida com gritos de apoio. Ao seu lado, estavam os outros membros do Executivo catalão, também ameaçados pela declaração de Rajoy.
O protesto se estendia por pelo menos quatro ruas do centro de Barcelona, incluindo o Paseo de Gracia, uma das mais importantes avenidas da cidade. Como de costume, a bandeira predominante era a ‘Estelada’, símbolo do sentimento secessionista catalão. A cada vez que sobrevoava um helicóptero da polícia espanhola, os manifestantes gritavam insultos às forças de segurança.
“Nos sentimos catalães e o sentimento de ser espanhol já não existe. O povo catalão está completamente desconectado das instituições espanholas e, sobretudo, do que é o Estado espanhol”, disse outro manifestante, Ramón Millol, um mecânico de 45 anos.
Com Agências