Lula e Biden ensaiam discurso unificado pró-sindicatos
Sintonia vai ao encontro das agendas de ambos os governos: Lula, por sua origem sindicalista e líder do PT, e Biden, no meio de uma greve de montadoras
Em explícita demonstração de harmonia entre os dois líderes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seu homólogo americano, Joe Biden, ocuparam mais de dez minutos diante da imprensa — momento que normalmente leva não mais que alguns instantes — tomados por mesuras e um discurso unificado sobre a importância dos sindicatos de trabalhadores, contra a precarização do trabalho, sobre a importância de uma classe média forte e de que os mais ricos paguem impostos adequados.
A fala, que teve momentos de risos de ambos os presidentes, com direito a discretas palmas de Biden quando Lula argumentou que todos ganhariam em um mundo com menos pobreza, vai ao encontro de ambas as agendas dos governos brasileiro e americano: Lula, por sua origem de sindicalista e líder do Partido dos Trabalhadores; Biden, que se vê em meio a uma greve das maiores montadoras de carros dos Estados Unidos.
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Após a reunião, ambos se preparam para anunciar a Parceria pelos Direitos dos Trabalhadores e Trabalhadoras, que, segundo o Planalto, pretende promover o “trabalho digno” em colaboração com os Estados Unidos.
Em colaboração com parceiros sindicais do Brasil e dos Estados Unidos e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), ambos os governos devem tratar conjuntamente de temas como precarização do trabalho, representação sindical e aplicativos. Outros países e parceiros globais devem se envolver na iniciativa.
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As atividades conjuntas, segundo o Planalto, têm como objetivo ampliar o conhecimento do público sobre os direitos trabalhistas e capacitá-lo para defendê-los, garantir que a transição à chamada economia verde – ou de carbono zero – proporcione oportunidades de bons empregos, aumentar a importância dos trabalhadores em instituições multilaterais como o G20 e as COPs, criar leis para proteger os direitos trabalhistas nas plataformas digitais e, por fim, envolver parceiros do setor privado para criar empregos nas principais cadeias de produção.
Um relatório recente do Tesouro americano sobre sindicatos nos Estados Unidos, o primeiro sobre esse tema, revelou que essas organizações têm um efeito positivo sobre a renda dos trabalhadores, entre outras descobertas.
Janet Yellen, secretária do Tesouro americano, participou do encontro bilateral, bem como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.