Letta deve anunciar novo governo da Itália até domingo
Novo primeiro-ministro precisa formar um gabinete que obtenha o apoio dos partidos às reformas necessárias para tirar o país da crise financeira
O novo primeiro-ministro italiano, Enrico Letta, deve anunciar até domingo a formação do seu governo, a tempo para a abertura dos mercados financeiros na segunda-feira. Vice-líder do Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, ele é considerado moderado pela centro-direita. Agora, o jovem político de 46 anos está sob pressão para formar rapidamente um gabinete que tenha apoio dos partidos de direita e de esquerda, nas duas Casas legislativas, para conseguir realizar as reformas necessárias para tirar o país da crise.
Após dois meses de impasse político depois da inconclusiva eleição parlamentar de fevereiro, Letta já afirmou que suas prioridades serão estimular a criação de empregos e promover mudanças nas instituições políticas. Ele também aderiu ao crescente coro que pede uma nova postura do país em relação às medidas de austeridade impostas pela União Europeia, com mais ênfase no crescimento econômico e nos investimentos – uma posição que o partido Povo da Liberdade (PdL), da centro-direita de Silvio Berlusconi, já defendia.
Mas Letta acredita na União Europeia, no euro e na necessidade de reformas estruturais na Itália, destaca em artigo a revista britânica The Economist. Ele também deverá dar um cargo ministerial a Mario Monti, tecnocrata que durante um ano liderou o governo depois da saída de Berlusconi, em meio a uma série de escândalos, no final de 2011. A nomeação de ministros também deverá ocupar boa parte da agenda do novo premiê. O PdL insiste que o governo seja composto principalmente de políticos dos principais partidos, não de tecnocratas.
Conseguir unir PD e PdL e ainda chegar a um acordo com a terceira força política do Congresso italiano, o Movimento Cinco Estrelas, do comediante Beppe Grillo, será o grande desafio de Letta. Desafio que o líder do PD, Pier Luigi Bersani, assumiu em março, sem conseguir desatar o nó. As divergências entre os parlamentares são tantas que até a definição do novo presidente tornou-se um imbróglio. A solução veio com a reeleição de Giorgio Napolitano.
Melhor opção para o momento – A revista The Economist avalia que Letta é a melhor alternativa para a Itália neste momento, mas pondera que seria ainda melhor se ele deixasse o governo até o fim deste ano. Para a publicação, o ideal seria Letta aprovar com urgência algumas reformas necessárias, como um novo sistema eleitoral que diminua o poder de caciques partidários, uma redução no número e no salário dos deputados, e reformas no mercado de trabalho que deem aos jovens mais e melhores chances de encontrar emprego. A partir daí, Napolitando convocaria outra eleição para o final deste ano. O resultado talvez fosse tão ruin como o das eleições de fevereiro. Mas um sistema eleitoral reformado e novos líderes jovens (necessários tanto na direita como na esquerda) poderiam atrair alguns italianos para longe do caminho de Grillo, diz a Economist (leia a íntegra, em inglês). (Com agência Reuters)