As juízas encarregadas da investigação do acidente com o voo da Air France que causou 228 mortes em junho de 2009, anunciaram nesta quarta-feira a conclusão dos trabalhos, afirmaram advogados das famílias das vítimas. Sylvia Zimmermann e Sabine Kheris já informaram que vão recusar novas demandas por análises apresentadas pela companhia aérea e pelo sindicato dos pilotos. O fim das investigações abre um período para as partes fazerem observações ou pedirem esclarecimentos. A aeronave caiu no dia 1º de junho de 2009, durante um voo do Rio de Janeiro a Paris.
“O fim da instrução significa que as partes demandantes podem esperar por um processo rápido”, afirmou Alain Jakubowicz, um dos advogados da associação “Entraide et Solidarité AF447” (Auxílio e Solidariedade). “As juízas de instrução nos deram a entender que as empresas Air France e Airbus terão de comparecer ao tribunal correcional”, acrescentou. “Acho que há elementos suficientes para que a Airbus e a Air France sejam condenadas por homicídio culposo (sem intenção)”, opinou Yassine Bouzrou, outro advogado de familiares das vítimas.
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Relatórios – Parentes de vítimas pretendiam reclamar das conclusões de uma contra-análise, recentemente adicionada ao processo, que isentava a fabricante Airbus de qualquer responsabilidade pelo acidente. O relatório, encomendado pela Airbus e datado de 30 de abril, atribui toda a culpa pela tragédia à tripulação, e também cita a Air France, que não teria dado orientações claras em caso de problema nos sensores de velocidade, ponto de partida do acidente.
“Consideramos essa contra-análise um insulto à verdade e à justiça, já que transparece a parcialidade dos autores”, denunciou a associação “Entraide et solidarité AF447”, em um comunicado.
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Uma primeira avaliação, apresentada em julho de 2012 às famílias das vítimas, apontava que a queda do avião tinha sido causada por erro humano, falhas técnicas, mas também por procedimentos inadequados. A causa principal teria sido a perda de dados devido ao congelamento dos sensores Pitot. Para Jakubowicz, o segundo relatório “é um não-evento, um insulto e merece ser desprezado.”
A companhia aérea Air France, que corre o risco de ir para banco dos réus em caso de processo judicial, também contestou a contra-análise e pediu sua anulação à Corte de Apelações de Paris. A empresa considera, principalmente, que foi impedida de participar das investigações, realizadas “de maneira unilateral e não contraditória, violando o princípio do processo justo”.
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(Com agência France-Presse)