A Itália flexibilizou as restrições contra a propagação do novo coronavírus em quase todo o país nesta segunda feira, 1, indo na direção contrária de vários países da Europa. A medida permitiu a reabertura de museus e monumentos como o Coliseu de Roma.
A maioria das regiões italianas passou para a categoria “amarela”, de risco moderado. Apenas uma região ao norte, uma no centro e três ao sul (incluindo a Sardenha) ainda são classificadas como “laranja”, de risco médio. Nenhuma aparece como “vermelho”, o nível mais elevado de risco.
A decisão preocupa especialistas, porque vai contra a tendência geral dos países europeus de adotar medidas mais duras ante a novos focos de infecção e às variantes do coronavírus. A Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu na quinta-feira passada que era “muito cedo para relaxar” as restrições devido à circulação “ainda muito elevada” do vírus.
“A Itália está remando contra a corrente”, afirmou Walter Ricciardi, um dos especialistas que assessoram o ministério da Saúde italiano sobre a pandemia.
Alemanha e França ampliaram suas restrições no fim de semana passado. Portugal, que apenas em janeiro concentrou 44% do total de mortes pelo vírus de toda a pandemia, está em confinamento geral desde o dia 15 de janeiro. Na Espanha, a região de Madri, uma das mais afetadas pela Covid-19, também endureceu as medidas.
Na Itália, o nível de risco foi decidido com base em critérios como a taxa de ocupação dos Centros de Terapia Intensiva e a taxa de reprodução do vírus.
O nível amarelo permite, entre outras coisas, a abertura de bares, cafeterias e restaurantes durante o dia, além de facilitar a circulação de pessoas. Ao invés de operar apenas por delivery, esses serviços poderão receber clientes até às 18h locais – em número limitado para respeitar regras de distanciamento.
Museus também estão autorizados a abrir as portas, mas apenas durante os dias da semana, para evitar aglomerações. Nesta segunda-feira, o Coliseu e as exposições do Vaticano, que abrigam a Capela Sistina e os famosos afrescos de Michelangelo, receberam público pela primeira vez em meses.
Monumentos emblemáticos da capital italiana, como o Panteão, a Galeria Borghese e o Castelo Sant’Angelo, também poderão ser visitados. O toque de recolher permanecerá em vigor em todo o território das 22h até às 5h.
No domingo, Itália registrou 11.252 novos casos de coronavírus, número inferior aos 12.715 registrados no sábado. Mesmo com as restrições ainda em vigor, milhares de pessoas saíram às ruas e parques das principais cidades italianas no fim de semana, levando o ministro da Saúde, Roberto Speranza, a fazer um alerta.
“Passar para o amarelo não significa que saímos do perigo, devemos atuar com muita cautela, para não perder os avanços registrados nas últimas semanas”, advertiu.
Enquanto isso, o governo italiano está focado na crise política provocada pela renúncia do primeiro-ministro Giuseppe Conte. Várias consultas políticas estão em curso para encontrar uma saída, mas ainda não é possível saber se Conte, que administrou a pandemia desde o início, permanecerá no cargo.
A Itália foi o primeiro país europeu afetado pelo coronavírus e registra mais de 88.000 mortes desde o início da pandemia, que também provocou a pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial.
(Com AFP)