Israel diz ter matado 90 homens armados dentro do maior hospital de Gaza
Forças israelense prenderam mais de 160 pessoas durante ataque ao hospital Al-Shifa; Hamas nega usar complexo médico como base de operação
As Forças de Defesa de Israel (FDI) afirmaram nesta quarta-feira, 20, que mataram 90 homens armados e prenderam 160 em uma operação no hospital Al-Shifa, maior hospital da Faixa de Gaza e um dos poucos que continuam funcionando parcialmente no norte do enclave. A alegação foi negada pelo Hamas. O ataque israelense contra o complexo médico começou na madrugada desta segunda-feira 18, já deixou várias vítimas e provocou um incêndio na entrada do edifício que também aloja civis deslocados.
“No último dia, os soldados eliminaram terroristas e localizaram armas na área hospitalar, ao mesmo tempo que evitaram danos a civis, pacientes, equipes médicas e equipamento médico”, afirmaram os militares israelenses em um comunicado, que também publicou nomes e fotos de dois soldados que morreram durante a invasão.
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Segundo o exército de Israel, forças especiais, incluindo infantaria e tanques, foram enviadas ao local com base em informações de que o hospital estava novamente sendo usado como base para homens armados. O porta-voz das FDI também enfatizou que a operação tinha como objetivo atacar militares de alto-escalão do Hamas. Na segunda-feira, o chefe de segurança do grupo islâmico, Faiq Mabhouch, foi assassinado, e 80 pessoas foram presas.
O que diz o Hamas
Em resposta, Ismail Al-Thawabta, o diretor do escritório de mídia de Gaza, administrado pelo Hamas, disse que todos os mortos eram pacientes feridos e pessoas deslocadas. Antes do ataque, a população que vive nos arredores do hospital foi instruída pelas FDI a abandonar suas casas em direção a al-Muwasi, a cerca de 30 quilômetros de distância, embora a grande maioria das pessoas não estejam em condição de percorrer esse trajeto. O comunicado foi feito por meio de panfletos lançados de aeronaves.
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“O exército de ocupação israelense pratica mentiras e enganos na divulgação da sua narrativa, para justificar os seus crimes contínuos e violações da lei, que afrontam o direito internacional, o direito humanitário internacional”, reiterou Al-Thawabta.
Ataques constantes
Em novembro, quando as forças israelenses invadiram Al-Shifa pela primeira vez, a comunidade internacional lançou duras críticas contra Tel Aviv. Dentro do complexo médico, os militares descobriram túneis que, de acordo com eles, eram controlado pelo Hamas. O grupo nega, bem como a equipe médica, que o local era usado para fins militares ou para abrigar combatentes.
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“O que acontece no Hospital Al-Shifa é um crime de guerra e faz parte do genocídio conduzido pela ocupação israelita”, disse Basem Naim, um alto funcionário do Hamas que anteriormente ocupou o posto de ministro da Saúde de Gaza.