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Groenlândia perde 30 milhões de toneladas de gelo por hora, revela estudo

Desencadeado pela mudança climática, derretimento pode alterar correntes oceânicas responsáveis pela regulação da temperatura no planeta

Por Da Redação
17 jan 2024, 15h10

Um estudo publicado na revista Nature nesta quarta-feira, 17, revelou que as calotas polares da Groenlândia perdem, em média, 30 milhões de toneladas de gelo por hora, um número 20% maior do que o esperado. Desencadeado pela mudança climática, o derretimento dessa fonte de água doce pode colapsar a circulação meridional de capotamento do Atlântico (Amoc), correntes oceânicas responsáveis pela regulação da temperatura no planeta.

Liderada por quatro pesquisadores de institutos da Califórnia, a pesquisa utilizou métodos de inteligência artificial (IA) para  determinar a posição final de mais de 235 mil calotas, todos os meses entre 1985 e 2022. O preocupante resultado mostra um encurtamento de 5 mil quilômetros quadrados das faixas de gelo, representando um bilhão de toneladas perdidas.

“As mudanças em torno da Groenlândia são tremendas e estão a acontecer em todo o lado – quase todos os glaciares recuaram ao longo das últimas décadas”, disse Chad Greene, à frente do levantamento. “Faz sentido que se você despejar água doce no Oceano Atlântico Norte, certamente haverá um enfraquecimento da Amoc, embora eu não tenha uma intuição de quanto enfraquecimento.”

Além disso, a descoberta grau da perda de gelo é importante para calcular o desequilíbrio energético da Terra, ou seja, quanto calor solar extra a Terra está retendo por causa da ação humana, especialmente nas emissões de gases de efeito estufa. 

“É preciso muita energia para derreter 1 trilhão de toneladas de gelo. Portanto, se quisermos modelos de equilíbrio energético muito precisos para a Terra, isso tem que ser levado em conta”, acrescentou. 

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Futuro do Amoc

Há cinco anos, cientistas climáticos já aumentaram os alertas e anunciaram que a Amoc registrava seu ponto mais fraco em 1.600 anos. Em 2021, especialistas do Instituto Potsdam para Pesquisa do Impacto Climático, na Alemanha, engrossaram o coro e apontaram para “perda quase completa de estabilidade ao longo do último século” das correntes.

Na última atualização de um programa do Copernicus, órgão climático da União Europeia, foi revelado que 221 bilhões de toneladas de gelo foram perdidas anualmente desde 2003. O resultado divulgado nesta quarta-feira soma mais 43 bilhões anuais, pulando para 30 milhões de toneladas eliminadas por hora. 

Em julho do ano passado, outro estudo publicado na Nature estimou que o colapso da Amoc acontecerá, no pior dos cenários, em 2025. As camadas de gelo da Groenlândia estariam, inclusive, perto de um ponto irreversível quanto ao derretimento, levando ao aumento de até 2 metros do nível do mar.

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Regiões em risco potencial

Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, o professor Tim Lenton, da Universidade de Exeter, Tim Lenton, indicou que algumas regiões do globo estariam mais vulneráveis às consequências provocadas pelo colapso parcial da Amoc, citando “impactos profundos no Reino Unido, na Europa Ocidental, em partes da América do Norte e na região do Sahel, onde as monções da África Ocidental poderiam ser severamente perturbadas.”

Ainda que preocupado com o futuro, o professor da Universidade de Northumbria, Andrew Shepherd, enxerga que as mudanças causadas pelo aquecimento global não estariam próximas a perturbar os fluxos da circulação meridional de capotamento do Atlântico a curto prazo.

“Embora tenha havido uma mudança radical no recuo dos glaciares na viragem do século, é reconfortante ver que o ritmo da perda de gelo tem sido constante desde então e ainda está bem abaixo dos níveis necessários para perturbar a Amoc”, afirmou ao The Guardian. 

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