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Governo italiano é acusado de manipulação da emissora estatal

Partido Irmãos da Itália de Meloni estaria pressionando a saída de profissionais críticos da direita italiana

Por Da Redação
23 Maio 2023, 10h49

O governo da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, está sendo acusado de manipular informações na emissora estatal Rai para “cancelar as pegadas antifascistas da Itália”. As suspeitas de influência imprópria da administração aumentaram após uma série de renúncias de grandes nomes da emissora.

Nas últimas semanas, Carlo Fuortes renunciou ao cargo de presidente-executivo um ano antes do fim do seu mandato, alegando pressão do governo. Depois disso, Fabio Fazio, um apresentador de talk show de esquerda, e sua co-apresentadora, Luciana Littizzetto, uma comediante conhecida por seus monólogos contra os conservadores, também deixaram o popular programa “Che Tempo Che Fa” da Rai. Mais saídas são esperadas nas próximas semanas.

Fuortes foi substituído por Roberto Sergio, indicado pelo governo e que tem uma postura política que “muda com o vento” de acordo com quem está no poder.

A pressão sobre o ex-presidente-executivo do grupo começou alguns dias antes das eleições gerais de setembro passado, quando ele foi criticado pelo partido de Meloni, Irmãos da Itália, que tem raízes neofascistas, e pelo partido de extrema-direita Liga. Fourtes virou alvo após o filósofo francês Bernard-Henri Lévy fazer declarações contra os partidos de direita italianos no programa de entrevistas Rai 3.

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Na época, o Liga pediu a demissão de Fuortes, enquanto o Irmãos da Itália apresentou uma queixa ao órgão de vigilância das comunicações da Itália. Os partidos venceram a eleição ao lado da Forza Italia, do ex-premiê Silvio Berlusconi, e a coalizão assumiu o poder em outubro.

Em sua carta de demissão ao Ministério da Economia, Fuortes, indicado ao cargo pelo ex-primeiro-ministro Mario Draghi, disse que se recusava a aceitar mudanças na linha editorial e na programação de Rai. Sua saída gerou críticas ao governo de Meloni, que foi acusado de pressioná-lo a deixar o cargo.

Após o novo governo assumir, o papel de diretor-geral foi para Giampaolo Rossi, um ex-membro do conselho da Rai apoiado pelo Irmãos da Itália. Rossi é conhecido por seus tuítes controversos e apoio aos polêmicos líderes Vladimir Putin, Donald Trump e Viktor Orbán. Em 2019, ele disse em entrevista ao Primato Nazionale, jornal fundado por um membro do grupo de extrema direita CasaPound, que “o antifascismo é uma caricatura do passado”.

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Um indício da influência que a liderança de Meloni pode tentar exercer sobre a programação da Rai surgiu nas vésperas das eleições, quando o deputado do Irmãos da Itália, Federico Mollicone, pressionou a emissora a não transmitir um episódio do desenho animado “Peppa Pig” que retratava um casal homossexual.

Matteo Salvini, vice-primeiro-ministro da Itália e líder da Liga, foi acusado pela oposição de ser “autoritário” depois de comemorar a saída de Fazio e Littizzetto, os apresentadores do programa “Che Tempo Che Fa“. Ele fez uma publicação sarcástica no Twitter, escrevendo “Belli ciao”, em referência à canção antifascista italiana “Bella Ciao” (“Querida, Adeus”).

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Fazio disse que o governo se sentiu legitimado por sua vitória nas eleições gerais “para se comportar como o dono da esfera pública, com pouca consideração pelo público, e com uma ganância sem limites”. Ele estava na emissora Ria há 40 anos e chegou a entrevistar grandes nomes como Mikhail Gorbachev, Barack Obama e Emmanuel Macron.

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Salvini afirmou que deixar a Rai foi opção de Fazio, já que ele assinou um novo contrato com a Discovery.

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