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Governo e oposição vão às ruas em uma Venezuela sitiada pelos apagões

Forças de segurança da Venezuela dispersaram, com gás lacrimogêneo, parte das manifestações opositoras em Caracas

Por AFP Atualizado em 30 jul 2020, 19h51 - Publicado em 30 mar 2019, 16h13

A tensão aumenta nas ruas de Caracas com os protestos convocados pelo governo de Nicolás Maduro e pela oposição liderada por Juan Guaidó, em meio aos apagões que deixam a Venezuela intermitentemente no escuro desde o começo de março.

As forças de segurança da Venezuela dispersaram, com gás lacrimogêneo, parte das manifestações opositoras em Caracas e impediram concentrações em alguns pontos no oeste da capital venezuelana. A queda de energia mais recente ocorreu por volta das 19h10 no horário local, afetando Caracas e pelo menos 20 dos 23 estados do país, vários dos quais permaneceram sem luz na tarde deste sábado.

“Não temos água”

“Aqui a luz cai toda hora, não temos internet, o serviço de água está péssimo há um ano e com essas quedas de energia piorou muito mais, aqui temos idosos, crianças, precisamos dos serviços”, afirmou uma mulher opositora que se reuniu com seus vizinhos em Caracas para protestar em meio a panelaços.

“No próximo dia 6 de abril todos nós vamos às ruas da Venezuela”, disse em uma concentração em Los Teques, perto de Caracas, o líder parlamentar Juan Guaidó, reconhecido presidente interino da Venezuela pelos Estados Unidos e mais de 50 países.

Moradores do oeste de Caracas, uma fortaleza tradicional de chavismo, concentraram-se em pequenos grupos em esquinas. “Recuso-me a deixar a Venezuela porque tenho certeza de que há muito pelo que lutar. (…) Continuaremos lutando na rua”, disse uma opositora que se identificou como Andrea.

“Ficamos sem eletricidade por mais de 12 dias em março em Caracas, e mesmo no resto do país, em Zulia (um estado fronteiriço no oeste do país) eles não conseguiram recuperar a luz, e isso é imperdoável. Milhares de famílias ficaram sem comida devido à falta de refrigeração “, acrescentou.

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Apelo à paz

Maduro também pediu “uma grande mobilização” para “dizer não ao terrorismo imperial”. Ele também pediu aos coletivos (grupos de Chávez que a oposição afirma estarem armados) “tolerância zero com as guarimbas”, como chama os protestos violentos. “Eles incitam o ódio, nós pedimos o amor, eles incitam a guerra e nós fazemos um apelo diário à paz”, disse Jesús Camargo, coordenador de movimentos sociais.

O governo Maduro atribui a crise a “ataques” da oposição, apoiada pelos Estados Unidos, contra a usina hidrelétrica de Guri (estado de Bolívar, sul), que gera 80% da energia consumida pelo país. As falhas elétricas são comuns na Venezuela há uma década e os especialistas acreditam que elas são o resultado de uma falta de investimento em infraestrutura e corrupção, mas até agora Caracas tem estado relativamente intocada pelos apagões generalizados.

Ajuda humanitária

Em meio à crise, a Cruz Vermelha anunciou que distribuirá ajuda humanitária na Venezuela daqui a 15 dias, uma questão central na disputa pelo poder entre Maduro e Guaidó. A decisão marca uma guinada na política de Maduro, que, apesar de estar aberto à cooperação internacional sem “interferência”, nega que o país petroleiro sofra uma “crise humanitária”, como denuncia Guaidó.

A Venezuela enfrenta uma forte escassez de medicamentos, já que o governo, seu principal importador, não tem liquidez devido ao colapso da produção de petróleo – que é responsável por 96% das receitas do Estado – e à sua expulsão dos mercados financeiros após as sanções americanas.

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Segundo a ONU, quase um quarto dos 30 milhões de venezuelanos precisa de assistência “urgente”. Em 23 de fevereiro, os carregamentos de alimentos e suprimentos médicos administrados por Guaidó e enviados por Washington para a Colômbia e o Brasil foram bloqueados pelo governo socialista em meio a tumultos que deixaram cerca de sete mortos e dezenas de feridos.

Maduro argumentou que esses carregamentos eram o preâmbulo de uma intervenção militar.

Guaidó reivindicou a entrega da Cruz Vermelha como uma conquista, afirmando que “é o resultado da pressão” feita por ele desde que se autoproclamou presidente em 23 de janeiro.

O governo de Maduro ainda anunciou que um avião chinês com 65 toneladas de medicamentos e suprimentos médicos chegou à Venezuela na última sexta-feira. A China é um dos maiores aliados de Maduro, junto com a Rússia, que há uma semana enviou uma missão militar a Caracas.

Maduro liga a escassez com as sanções dos Estados Unidos para sufocá-lo economicamente e forçá-lo a entregar o poder a Guaidó.

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