Ex-general é condenado à prisão perpétua por massacre em Srebrenica
Zdravko Tolimir era o braço direito do chefe militar Ratko Mladic, que também está sendo julgado pelo tribunal penal internacional para a ex-Iugoslávia
O Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia condenou à prisão perpétua o ex-general sérvio-bósnio Zdravko Tolimir, de 64 anos, considerado culpado de genocídio por seu papel no massacre de Srebrenica em 1995. O massacre foi um dos episódios mais sangrentos da Guerra da Bósnia, que teve início em 1992, quando a maioria muçulmana da Bósnia-Herzegovina, república resultante da ex-Iugoslávia, declarou independência da Sérvia. O conflito durou três anos e deixou 100.000 mortos e 2 milhões de refugiados.
Em Srebrenica, o Exército sérvio da Bósnia matou cerca de 8.000 muçulmanos, entre idosos, homens e meninos. O restante da população muçulmana foi expulsa da cidade. O genocídio foi revelado quando aviões dos Estados Unidos fotografaram milhares de covas rasas. O episódio é considerado o maior massacre ocorrido na Europa desde a II Guerra Mundial.
Como chefe de inteligência e segurança das forças militares dos sérvios da Bósnia, Tolimir é considerado braço direito do chefe militar Ratko Mladic, que ficou conhecido como ‘o açougueiro dos Bálcãs’. No comando de um Exército de 85.000 soldados, ele ordenou a matança de civis desarmados e abriu campos de concentração. Também está sendo julgado pelo tribunal.
Condenação – Três juízes do tribunal de Haia condenaram Tolimir por “não apenas saber das intenções genocidas de seus companheiros, mas também partilhá-las”, disse o juiz Christoph Fluegge. O ex-general foi preso em maio de 2007. Quase três anos depois, em fevereiro de 2010, o processo foi aberto, depois de sofrer diversos atrasos em razão da saúde frágil do acusado.
Além da acusação de genocídio, ele também foi considerado culpado em seis outras acusações, incluindo extermínio, assassinato, perseguição e transferência forçada. A única acusação da qual foi absolvido foi a de deportação.
Antes da leitura do veredicto, Tolimir disse esperar que a sentença “estivesse de acordo com a vontade de Deus”, informou a rede internacional BBC. Sua defesa alegava que o massacre em Srebrenica foi parte de uma operação militar contra terroristas muçulmanos armados e não tinha como objetivo atacar a população civil.
Integrantes da associação Mães de Srebrenica, que reúne familiares das vítimas do massacre, comemoraram a decisão da Justiça. E gritaram para parentes de Tolimir que deixaram o prédio do tribunal em Haia, na Holanda: “Que Deus faça vocês chorarem por eu nunca ter revisto meu filho”. Em Sarajevo, a associação também manifestou alívio com a sentença.
Outros processos – Além de Mladic, o ex-presidente da República da Sérvia Radovan Karazic também está sendo julgado pelo tribunal por seu envolvimento em atrocidades, entre elas a de limpeza étnica, durante o conflito entre Sérvia e Bósnia, no qual morreram 100.000 pessoas.
Recentemente, o secretário geral da ONU, Ban Ki-Moon, e o ex-presidente norte-americano Bill Clinton apontaram semelhanças entre a Guerra na Bósnia e a atual guerra civil na Síria.
(Com agências France-Presse e EFE)