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EUA: Como o fantasma da prisão afeta campanha presidencial de Trump

Especialistas achavam que as acusações poderiam prejudicar a imagem do ex-presidente, mas as pesquisas indicam o contrário

Por Pedro Cardoni
9 jun 2023, 12h05

Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, foi indiciado pela segunda vez em dois meses, desta vez por ter ficado com documentos ultrassecretos depois de ter deixado o cargo. As novas acusações provocaram especulações sobre o preço político que Trump pode pagar em sua terceira corrida presidencial, de 2024.

Em março, após a primeira acusação contra o ex-presidente, especialistas esperavam sua campanha fosse prejudicada. Porém, semanas após um promotor da cidade de Nova York indiciá-lo por falsificação de registros comerciais, Trump subiu nas pesquisas. De acordo com uma agregação de consultas nacionais do site fivethirtyeight, ele quase dobrou sua vantagem em relação a outros candidatos do Partido Republicano na corrida eleitoral.

Em uma pesquisa de abril do USA Today/Suffolk, dois terços dos eleitores republicanos disseram que os problemas judiciais do ex-presidente não fariam diferença na hora do voto. Além disso, 27% disseram que as acusações os tornariam mais propensos a apoiar o candidato.

No novo indiciamento, Trump enfrenta sete acusações, incluindo retenção não autorizada de arquivos confidenciais e obstrução da Justiça. Milhares de documentos foram apreendidos durante uma busca do FBI em sua propriedade na Flórida, Mar-a-Lago, no ano passado, incluindo cerca de 100 classificados como “secretos”. 

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+ Em gravação, Trump admite desvio de arquivos secretos após fim do mandato

Ele negou repetidamente qualquer irregularidade e disse que “nunca pensou que tal coisa pudesse acontecer a um ex-presidente dos Estados Unidos”. Entretanto, o republicano pode até enfrentar a prisão caso seja condenado. 

Em sua rede social, a Truth Social, Trump disse que foi convocado a comparecer a um tribunal federal em Miami na próxima terça-feira, 13. O Serviço Secreto americano está planejando sua viagem até o local. 

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Quando Trump se entregou às autoridades de Nova York, ele precisou registrar suas impressões digitais, mas não foi algemado e não teve sua foto (a famosa mugshot) tirada. Especialistas acreditam que, dessa vez, isso também não vai acontecer.

+ Trump é formalmente acusado em inquérito sobre documentos secretos

Depois que o registro de Trump no sistema judicial for concluído, ele será considerado preso e sob custódia. Assim que a papelada for processada, ele será indiciado, o que significa que ele vai ouvir as acusações e entrar com uma contestação no tribunal.

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Quando deixou o cargo em janeiro de 2021, Trump deveria ter devolvido todos os registros presidenciais, considerados propriedade federal. Porém, meses depois, os Arquivos Nacionais dos Estados Unidos perceberam que alguns arquivos estavam faltando, incluindo parte da correspondência de Trump com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e uma carta do ex-presidente Barack Obama.

O Departamento de Justiça ainda não confirmou quais acusações exatas o ex-presidente enfrenta. Mas seu advogado, Jim Trusty, disse à CNN que Trump recebeu detalhes das acusações em um documento de convocação.

Entre elas, estariam: conspiração, declarações falsas, obstrução da Justiça e retenção ilegal de documentos secretos sob a Lei de Espionagem. Várias são consideradas acusações graves. Violar a Lei de Espionagem pode resultar em até 10 anos de prisão, enquanto a obstrução da Justiça acarreta uma pena máxima de 20 anos.

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+ Após ser condenado, Trump pede novo julgamento em caso de abuso sexual

Entretanto, juristas acreditam que seja difícil provar que Trump cometeu um crime. Em último caso, ele pode argumentar de forma viável que sua equipe lidou de forma incorreta com os documentos sem o seu consentimento.

Agora, especula-se sobre como uma possível prisão do ex-presidente pode afetar a sua posição na corrida eleitoral. Poderia, por exemplo, permitir uma avanço de rivais republicanos, como o governador da Flórida, Ron DeSantis, que pretende conquistar o eleitorado apresentando-se como uma espécie de “Trump sem bagagem”.

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Com não um, mas dois indiciamentos, pode ser que o efeito cumulativo das polêmicas trumpistas afete a opinião pública. Se não o fizer, pode minimamente ser uma distração indesejada.

Por enquanto, porém, seus principais rivais republicanos se uniram em sua defesa. DeSantis e Mike Pence, que foi seu adulador ex-vice-presidente, disseram que a acusação tem motivação política – argumento endossado por Trump.

+ Antigo vice de Trump, Mike Pence entra na corrida de 2024 pela Casa Branca

Além disso, do ponto de vista jurídico, a denúncia ou a condenação de Trump não impedem sua candidatura à presidência. De acordo com a lei dos Estados Unidos, nada proíbe um indivíduo de se candidatar a um cargo público se enfrenta acusações criminais.

Pelo menos duas pessoas já concorreram à presidência com condenações criminais. Em 1920, Eugene Debs entrou na corrida pela Casa Branca apesar de ter sido condenado pela Lei de Espionagem em conexão com um discurso anti-guerra de 1918.

O conspiracionista Lyndon LaRouche também concorreu à presidência em várias ocasiões, apesar de ter sido condenado por fraude em 1988. Uma de suas candidaturas presidenciais, em 1992, ocorreu enquanto ele estava em uma prisão federal em Minnesota.

Ambos os candidatos, contudo, perderam as eleições. 

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