Promotores federais apresentaram uma queixa-crime contra Edward Snowden, o ex-técnico da CIA que admitiu ter vazado as informações sobre o programa secreto de vigilância do governo americano para a imprensa. Os Estados Unidos também solicitaram às autoridades de Hong Kong a prisão provisória de Snowden, informou o jornal The Washington Post. Snowden foi acusado de espionagem, furto e apropriação indevida de propriedade do governo. A ação foi apresentada na Virgínia, uma jurisdição onde fica a sede do último empregador de Snowden, a empresa Booz Allen Hamilton, que presta serviço para a Agência de Segurança Nacional (NSA na sigla em inglês).
O ex-técnico da CIA foi para Hong Kong no dia 20 de maio, depois de deixar seu emprego em um escritório da NSA no Havaí com uma série de documentos secretos aos quais teve acesso quando trabalhava como analista de sistemas. Os documentos detalhavam operações de vigilância conduzidas pelo governo americano e também pela Grã-Bretanha. Snowden já disse que pretende continuar em Hong Kong e lutar contra qualquer tentativa de extradição, postura que levantou dúvidas sobre se estaria a serviço de Pequim, o que ele nega. O técnico de 29 anos também afirmou que a região administrativa chinesa oferece o ambiente cultural e legal para que ele trabalhe “sem ser detido imediatamente”. Depois de revelar sua identidade, ele deixou o hotel em que estava hospedado e não foi mais visto, mas continuou em contato com a imprensa.
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Não havia dúvidas de que o Departamento de Justiça iria atrás de Snowden, uma vez que a administração Obama tem sido implacável com vazadores – o número de acusados de vazamento no atual governo é mais que o dobro de todos os governos anteriores somados. O governo lança-se com o mesmo ímpeto contra jornalistas que publicam informações secretas e contra cidadãos, mesmo os que não são suspeitos de nenhum crime, ao ter acesso a registros telefônicos, e também a e-mails, perfis em redes sociais, entre outras formas de comunicação on-line.
Um pedido de extradição pode levar vários meses para ser analisado, segundo especialistas, apesar de os Estados Unidos terem assinado um tratado de extradição com Hong Kong. No entanto, o documento abre exceções para crimes políticos, e a espionagem tem sido tradicionalmente tratada como um crime político. Snowden ainda pode continuar longe do território americano se o governo chinês decidir que não interessa à sua política exterior enviá-lo de volta. O americano ainda pode solicitar asilo. O grupo WikiLeaks, do hacker australiano Julian Assange, tem mantido conversas com autoridades na Islândia sobre uma eventual concessão de asilo a Snowden.