O embaixador russo na Organização das Nações Unidas (ONU), Vassily Nebenzia, pediu nesta quinta-feira aos Estados Unidos e seus aliados que se contenham sobre uma ação militar contra a Síria em retaliação a um ataque com armas químicas realizado pelo governo de Bashar Assad contra rebeldes em Duma, um subúrbio de Damasco, e disse que “não pode excluir” uma guerra entre Washington e Moscou.
Falando após uma reunião a portas fechadas do Conselho de Segurança (CS) da ONU –solicitada pela Bolívia em razão de ameaças de ação militar na Síria pelo presidente americano Donald Trump –, Nebenzia afirmou que a situação é ainda mais perigosa porque há tropas russas no país.
“A prioridade imediata é evitar o perigo da guerra”, disse ele a repórteres. “Esperamos que não haja nenhum ponto sem retorno.”
Quando perguntado se estava se referindo a uma guerra entre os Estados Unidos e a Rússia, ele declarou: “Não podemos excluir nenhuma possibilidade, infelizmente, porque vimos mensagens vindas de Washington. Elas eram muito belicosas”.
Trump disse que estava realizando reuniões nesta quinta-feira sobre a Síria e esperava tomar decisões “em breve”. A Rússia pediu que uma nova reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre a Síria seja realizada nesta sexta-feira 13.
Em uma tentativa de evitar uma escalada nas tensões, a Suécia propôs na quinta-feira uma resolução do Conselho de Segurança, que pedirá ao secretário-geral da ONU, António Guterres, que envie uma equipe de desarmamento de alto nível à Síria a fim de tratar “todas as questões pendentes sobre o uso de armas químicas”.
Alguns diplomatas da ONU disseram que havia pouco interesse entre os quinze países-membros do CS em seguir a proposta. Nebenzia agradeceu à Suécia por seus esforços, mas acrescentou: “Francamente, nas circunstâncias em que nos encontramos agora, essa não é uma prioridade imediata”.
O CS não aprovou na terça-feira 10 três projetos de resolução sobre ataques com armas químicas na Síria. A Rússia vetou um texto dos Estados Unidos, enquanto duas resoluções redigidas pela Rússia não conseguiram obter um mínimo de nove votos para aprovação.
Investigadores da Organização para a Proibição de Armas Químicas estão viajando à Síria para determinar se um gás tóxico realmente foi usado em Duma, em 7 de abril, e começará a trabalhar no sábado. Eles não são obrigados a atribuir culpabilidade a nenhum dos lados.