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Em sabatina, indicada de Trump à Suprema Corte foge de temas controversos

Evasiva acerca de questões como racismo, aquecimento global e aborto, Amy Coney Barrett passou pelo terceiro dia de discussões no Senado

Por Amanda Péchy 14 out 2020, 19h40

A indicada de Donald Trump à Suprema Corte dos Estados Unidos, Amy Coney Barrett, enfrentou questionamentos duros de senadores democratas nesta quarta-feira, 14. No terceiro dia de sabatina, a juíza federal escapou de perguntas sobre temas como aborto, aquecimento global e preconceito racial, depois de receber críticas devido a sua postura conhecidamente conservadora.

A senadora democrata e candidata à vice-Presidência, Kamala Harris, enfrentou Barrett com um exame da Lei de Direitos de Voto de 1965, marco na legislação americana que estabeleceu o fim das práticas eleitorais segregacionistas, e a decisão da Suprema Corte de 2012 de anular uma parte importante da lei.

Harris perguntou se Barrett concordava com o texto do presidente do tribunal, John Roberts, que afirmou que “a discriminação eleitoral ainda existe, ninguém duvida disso”. A juíza não quis responder à questão.

“Não vou comentar sobre o que qualquer juiz disse em uma opinião, se uma opinião está certa ou errada, ou endossar essa proposição”, disse Barrett. “Também não quero dar a entender que discordo da afirmação, o que quero dizer é que não vou expressar uma opinião porque são questões muito carregadas, foram litigadas nos tribunais e, por isso, não vou me envolver nessa questão”, completou.

A candidata a vice na chapa com o ex-vice-presidente Joe Biden também perguntou se a juíza acredita que mudanças climáticas estão acontecendo, ao que ela respondeu que este é “um assunto muito controverso de debate público”. Contudo, cerca de 80% dos americanos concordam que o planeta está se desequilibrando por conta da atividade humana, de acordo com uma pesquisa da Kaiser Family Foundation.

O democrata Richard Blumenthal também perguntou a Barrett se ela acreditava que os seres humanos estavam causando as mudanças climáticas, ao que ela respondeu que suas opiniões sobre o assunto não eram relevantes para seu trabalho na Suprema Corte.

Além disso, quando o senador perguntou a Barrett se ela concordava com a opinião do presidente Trump sobre as mudanças climáticas, ela alegou que não estava familiarizada o suficiente com os comentários do republicano para emitir uma opinião.

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Por sua vez, o senador democrata Cory Booker pressionou Barrett sobre o direito de voto. Ele perguntou se Barrett já havia esperado na fila cinco horas para votar, ou uma hora, ao que ela respondeu que não. Booker comparou sua experiência com a de muitos eleitores negros nos Estados Unidos que enfrentam longas filas em suas zonas eleitorais.

O senador também questionou a juíza sobre a política de imigração de “tolerância zero” do governo Trump, que em 2018 resultou em milhares de crianças sendo separadas de seus pais. Ela disse que não podia opinar se é errado separar famílias.

“Essa é uma questão de debate político acalorado, sobre a qual não posso expressar uma opinião como juíza”, disse Barrett. “Não posso expressar uma opinião sobre isso.” Booker respondeu que considerava o tema como uma “questão básica de direitos humanos”.

Nem mesmo quando questionada por senadores republicanos, muito mais benevolentes que os democratas, Barrett revelou como pretendia lidar com a questão do aborto caso seja confirmada para a Suprema Corte. Thom Tillis, depois de fazer um extenso elogio à carreira da juíza, perguntou qual era sua opinião acerca de abortos tardios.

“Eu precisaria estudar todos os precedentes. Se tivesse que decidir algo em um caso, isso envolveria olhar todos os precedentes”, ela afirmou.

Barret também foi pressionada em relação a um caso de 1965 chamado Griswold v. Connecticut, que estabelece que casais têm o direito de obter e usar anticoncepcionais na privacidade de sua casa. Esse caso está intrinsecamente conectado ao que dá fundamento à legislação sobre aborto nos Estados Unidos, o famoso Roe v. Wade, de 1973, devido aos fundamentos jurídicos relativos ao “direito à privacidade”.

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O senador democrata Chris Coons afirmou que Barrett poderia dizer que Griswold foi decidido corretamente em qualquer empecilho, mas ela se recusou a explicitar sua opinião. Segundo a emissora americana CNN, é provável que a juíza tema que a pergunta em seguida seja se o próprio caso Roe v. Wade foi decidido corretamente.

Barrett disse a Coons que acha que o caso Griswold é “muito, muito, muito, muito improvável” de ser derrubado.

Apesar de suas respostas crípticas, a juíza é uma conhecida conservadora, extremamente religiosa e anti-aborto. O senador republicano Lindsey Graham elogiou Barrett como “descaradamente pró-vida”, descrevendo sua possível nomeação como histórica.

“Nunca estive mais orgulhoso de um indicado”, disse o presidente do comitê republicano. “Isso é história sendo feita, pessoal. Esta é a primeira vez na história americana que nomeamos uma mulher que é descaradamente pró-vida e abraça sua fé sem desculpas. E ela está indo para a Suprema Corte”, completou Graham.

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