Deutsche Bank abandona Trump após invasão de seus apoiadores ao Congresso
Banco é um dos credores mais importantes do presidente; inúmeras outras empresas e instituições seguem o mesmo caminho, abalando a Trump Org.
Em um intervalo de apenas quatro dias, a Trump Organization, empresa da família de Donald Trump, sofreu alguns dos mais duros golpes de sua história. Perdeu sua loja online, a publicidade gratuita dos tuítes do presidente e um dos torneios de golfe mais prestigiados do mundo. Para empresas e instituições que apoiavam ou faziam negócios com Trump, a invasão do Congresso por seus partidários foi a gota d’água em um relacionamento deteriorado – e o Deutsche Bank, principal credor do republicano, lidera a fila do abandono.
Segundo o jornal americano The New York Times, o banco deixará de trabalhar com o presidente e os empreendimentos ligados ao seu nome. Atualmente, a Trump Organization, grupo guarda-chuva supervisionado pelos dois filhos mais velhos de Trump, deve ao Deutsche Bank cerca de 340 milhões de dólares em empréstimos.
Christiana Riley, chefe das operações do banco nos Estados Unidos, condenou a violência da semana passada em um post no LinkedIn.
“Temos orgulho de nossa Constituição e apoiamos aqueles que buscam defendê-la para garantir que a vontade do povo seja mantida e uma transição pacífica de poder ocorra”, escreveu Riley.
A mídia americana já havia reportado que o Deutsche Bank estava procurando justificativas para encerrar seu relacionamento com Trump após sua derrota nas eleições presidenciais de novembro passado. Depois do pleito, o presidente contestou amplamente os resultados, fazendo alegações infundadas de fraude eleitoral – e gerando publicidade negativa ao banco.
Ao lado do Deutsche, um número crescente de empresas e instituições tomaram medidas contra o líder americano e seus associados desde a invasão ao Capitólio de Washington, D.C., na quarta-feira passada, episódio violento que encurralou congressistas, jornalistas e funcionários do edifício, deixando ao menos cinco mortos.
Vários dos maiores bancos do país interromperam temporariamente doações de seus comitês de ação política. Segundo o Times, o Morgan Stanley suspendeu as contribuições aos membros do Congresso que votaram contra a certificação dos resultados da eleição na última quarta-feira.
Os gigantes da tecnologia Google, Facebook e Microsoft também suspenderam gastos políticos e vão reavaliar suas doações devido à invasão dos apoiadores de Trump. O anúncio do Facebook veio quatro dias depois de banir o presidente da plataforma pelo menos até o final de seu mandato (Twitter, YouTube, Twitch, Reddit e Snapchat também limitaram ou suspenderam as contas digitais do republicano).
A plataforma de pagamento online Stripe disse que deixou de processar pagamentos para o site da campanha de Trump, de acordou com o jornal Wall Street Journal, enquanto o Shopify, fornecedor de sites de e-commerce, fechou duas lojas online ligadas a empresas do presidente.
Um dos campos de golfe de Trump em Nova Jersey também sofreu sanções: a Associação de Jogadores de Golfe dos Estados Unidos rescindiu um acordo para realizar em 2022 um dos mais prestigiados campeonatos da modalidade em sua propriedade. O presidente da associação, Jim Richerson, disse que tornou-se claro que usar o campo de Trump “seria prejudicial para a marca”.
O advogado de Trump, Rudolph Giuliani, também virou alvo. A Ordem dos Advogados do Estado de Nova York busca destituí-lo devido ao seu apoio às alegações falsas de fraude eleitoral e por ter exigido um “julgamento por combate” entre o republicano e seu adversário, Joe Biden, pouco antes do Capitólio ser invadido – algo encarado como encorajamento aos apoiadores de Trump.
Por fim, duas instituições – a Universidade Lehigh, na Pensilvânia, e a Wagner College, em Staten Island, – anunciaram a rescisão de títulos honorários de Trump. A Middlebury College, em Vermont, disse considerar fazer o mesmo com Giuliani, por causa de seu papel em “fomentar o levante violento contra o prédio do Capitólio de nossa nação”.
A já endividada Trump Organization deve sair ainda mais prejudicada do episódio. E Donald Trump, com apenas mais 8 dias no cargo, enfrentará (além de um possível impeachment) perspectivas lúgubres ao deixar a Presidência.