Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Deputado chavista discursa com fuzil no ombro em favor de Maduro

Regime chavista tem apoio da Força Armada Nacional Bolivariana e de um contingente de 1,6 milhão de civis armados

Por Denise Chrispim Marin 23 fev 2019, 15h18

Mesmo sem o audio, o discurso do deputado chavista Pedro Carreño na cidade venezuelana de La Guajira na quinta-feira 22 é impactante. Leal a Nicolás Maduro, o ex-militar subiu no palco vestido com a camisa vermelha, símbolo do chavismo, e com um fuzil no ombro.

Com o audio ligado, o impacto é ainda maior. Carreño distorceu os fatos e, com recurso a palavrões, culpou um suposto “bloqueio internacional” ao ingresso de medicamentos e alimentos doados a seu país. Também criticoua pressão dos Estados Unidos sobre o governo de Maduro, acentuada pelas sanções contra a estatal petroleira PDVSA.

“Encham o saco de quem queira, imperialismo, porque aqui há um povo de pé, um povo acordado”, afirmou Carreño.

A presença de Carreño com o fuzil bem à mostra em um comício em favor do regime de Maduro é o reflexo do elevado grau de civis armados na sociedade venezuelana. Desde os tempos de Hugo Chávez, presidente da Venezuela entre 1999 e 2013, o regime se valeu da criação de milícias civis para resguardar sua sobrevivência. Essas milícias estão subordinadas ao comando da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) e constituem uma reserva de 1,6 milhão de civis armados e ideologicamente afinados ao regime. Costumam atuar à paisana, em motocicletas, durante as manifestações contrárias do governo de Maduro e no controle de comunidades. Nem sempre aguardam ordens de militares para entrar em ação.

Continua após a publicidade

A FANB, com contingente de 123 mil militares disciplinados, também foi consolidada sob o comando de Chávez. O ex-presidente passara o setor militar por um expurgo, depois da tentativa de golpe de 2002, cercou-se de generais leis e do apoio de militares de alta patente enviados por Havana. À FANB foi incorporada a Guarda Nacional Bolivaria (GNB), uma espécie de tropa de choque militar que atua frequentemente como força repressora contra as manifestações da oposição, e a Polícia Nacional Bolivariana (PNB).

Maduro, por sua vez, criou a Força de Ações Especiais (Faes), apontada como uma espécie de esquadrão da morte da FANB por organismos de defesa dos direitos humanos. A esse contingente de policias encapuzados são atribuídas 4.998 mortes em 2017.

A estrutura militar e paramilitar da Venezuela ainda leal a Maduro é o fator que explica a posse desse líder em seu terceiro mandato, em 10 de janeiro, apesar dos apelos internacionais para que desistisse. O pleito que o reelegeu, em maio de 2018, foi considerado fraudado. Também explica a resistência de Maduro em renunciar, como quer a oposição venezuelana, com o apoio dos Estados Unidos, dos países do Grupo de Lima, entre os quais o Brasil, e outras Nações.

Por essa razão, Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino da Venezuela, insistente tanto em conquistar o apoio dos militares. Para os uniformizados, ele oferece anistia. Mas apenas aos que não tenham em suas costas crimes contra os direitos humanos eenvolvimento no crime organizado e em esquemas de corrupção. Essa é a limitação para uma possível virada de casaca de oficiais de alta patente.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.