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Cristina Kirchner cria Secretaria do Pensamento

Entre atribuições da nova pasta está 'projetar e coordenar' o pensamento nacional

Por Da Redação
6 jun 2014, 00h00

Foi na base da canetada que a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, criou a Secretaria de Coordenação Estratégica para o Pensamento Nacional. Segundo a descrição publicada no diário oficial do país, entre os objetivos do novo órgão, vinculado ao Ministério da Cultura, está “assessorar e elevar as propostas a serem consideradas pela ministra da Cultura em questões de pensamento nacional e latino-americano”. E ainda: “projetar e coordenar o pensamento nacional, ajustado com as diretrizes que a secretaria definir”, interagir “com as diferentes usinas de pensamento existentes no país, com o objetivo de promover e lhes dar um marco maior de institucionalidade” e estimular “a percepção do ser nacional”.

Complicado? Não para Cristina. A nova pasta com nome orwelliano vai ter a função prática de abrigar um de seus aliados, o filósofo Ricardo Forster, de 56 anos, um membro do grupo Carta Aberta, que reúne intelectuais chapa-branca desde 2008 para apoiar os Kirchner. Seguindo a tradição fisiológica comum na vizinhança latino-americana, Foster ganhou o cargo sob medida após ser derrotado nas urnas em outubro do ano passado, quando concorreu a uma vaga na Câmara dos Deputados.

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Em 2011, Cristina já havia criado o chamado Instituto Nacional de Revisionismo Histórico Argentino e Iberoamericano Manuel Dorrego, também ligado ao Ministério da Cultura, e que tem o objetivo de divulgar uma concepção histórica da Argentina do ponto de vista “nacional, popular e federal” – ou seja, alinhado com o kirchnerismo. Para chefiar a pasta, Cristina nomeou o historiador Mario O’Donell, que já afirmou que Che Guevara é o maior líder argentino do século XX.

Opositores não pouparam críticas à invencionice da presidente. “Este governo só vai durar mais um ano. É muito pouco tempo para traçar uma cultura nacional, mas é o suficiente para que alguns intelectuais possam mamar nas tetas do Estado”, disse o historiador Luis Alberto Romero em artigo publicado no jornal La Nación. Romero, que já foi professor de Foster, também ironizou a designação “Estratégica” no nome da secretaria, afirmando que o governo incompetente de Cristina não consegue coordenar nada.

O deputado Federico Pinedo considerou “patético e deplorável designar um secretário estratégico de pensamento nacional como se o que não fosse kirchnerista não fosse nacional, isso é fascismo velho”.

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O jornalista Marcelo Longobardi apontou os paralelos da nova secretaria com o romance “1984”, do escritor George Orwell, onde existe o chamado Ministério da Verdade. Para sorte dos argentinos, à primeira vista a nova secretaria não vai contar com uma “polícia do pensamento”, como no livro. “À Argentina produz calafrios a ideia de uma secretaria que se dedique a estabelecer qual deve ser o pensamento de um país”, disse Longobardi na Rádio Mitre, pertencente ao grupo Clarín.

Forster declarou à agencia oficial Télam que seu objetivo será estimular “um debate aberto, um espaço aberto para discutir tudo o que é imprescindível discutir na Argentina hoje”. Como isso será feito? Através de “um amplo passeio pela história, pelas tradições intelectuais desde o passado até o presente, em todo o país”.

Cristina Kirchner, infelizmente, não foi original na criação. Seu colega e aliado, o presidente venezuelano Nicolás Maduro é muito mais talentoso na arte de criar pastas bizarras. Em 2013 ele lançou o vice-ministério da Suprema Felicidade Social. Em janeiro foi a vez de criar o vice-ministério de Redes Sociais.

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