Como a ida de Bolsonaro ao funeral da rainha repercutiu no exterior
Em Londres para cerimônia da realeza, presidente aproveitou pequena multidão de apoiadores para continuar em clima de campanha no domingo
Em Londres para o funeral da rainha Elizabeth II, o presidente Jair Bolsonaro (PL) aproveitou que havia uma pequena multidão de apoiadores para continuar em clima de campanha. Da sacada da residência do embaixador brasileiro, ele voltou a repetir em um breve discurso que ganhará a eleição no primeiro turno, apesar de estar atrás nas pesquisas de opinião, como indica o agregador de pesquisas de VEJA, no qual Lula lidera com 43,3%, enquanto o atual presidente tem 33,08%.
Além de apoiadores, havia também alguns manifestantes contrários ao presidente brasileiro, entre eles parentes e amigos do jornalista inglês Dom Phillips, assassinado em junho no Vale do Javari, no Amazonas. A Polícia Metropolitana de Londres precisou intervir para que os dois grupos não tivessem contato. O grupo de manifestantes contra o presidente precisou ser escoltado por guardas após ser cercado pelos apoiadores de Bolsonaro.
O “comício”, no entanto, pegou mal no exterior, sobretudo entre os britânicos. Para o jornal The Guardian, Bolsonaro “mudou imediatamente para modo de campanha, apesar do momento de luto”. No título, diz que o presidente “visitou Londres para funeral da rainha como ‘palanque eleitoral'”.
O jornal também destacou que “críticas à declaração de Bolsonaro – na qual ele falou por cerca de 13 segundos sobre a rainha e quase dois minutos sobre sua agenda de campanha – parecem ter tocado um nervo dentro da equipe presidencial”.
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Para o também britânico Independent, “o controverso Bolsonaro usou a viagem a Londres para tentar influenciar os eleitores indecisos sobre sua seriedade internacional, levando sua mensagem política para a estrada”.
O jornal relembrou ainda quando o presidente brasileiro se encontrou com o agora rei Charles III durante uma viagem ao Japão, em 2019.
“Na época, Bolsonaro descreveu Charles, um ávido ambientalista, como uma ‘pessoa que, como o resto do mundo, está errada sobre a Amazônia'”, em referência às frequentes acusações contra o governo brasileiro de ignorar crimes ambientais.
Já segundo o Daily Mail, um dos periódicos mais vendidos no Reino Unido, o presidente brasileiro teria “transformado a viagem a Londres em um evento de campanha eleitoral”.
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“Em um discurso a seus apoiadores vestidos de verde e amarelo na sacada da embaixada brasileira, o ex-capitão do Exército de extrema direita falou brevemente sobre o legado da rainha, antes de acusar a oposição de tentar implementar o comunismo no maior país da América do Sul”, diz o texto.
Para além do Reino Unido, até a agência de notícias estatal turca deu destaque ao que chamou de “discurso de campanha a céu aberto”.
“Apesar da sóbria ocasião de luto nacional no Reino Unido, Bolsonaro então tomou o momento para o que parecia ser um impulso a sua contínua campanha de reeleição”, diz o texto.
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