Uma comissão do Senado italiano deu, na noite desta quarta-feira, o primeiro passo para que o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi perca seu mandato de senador. Por quinze votos a um, a Junta para as Eleições e a Imunidade da Câmara Alta decidiram contra uma medida que teria garantido a manutenção do mandato do bilionário. Essa votação preliminar antecede uma mais ampla, em plenário, que deve ser realizada no início de outubro e vai contar com todos os senadores.
A comissão analisou uma proposta de aliados do bilionário que garantia a legitimidade do mandato de Berlusconi mesmo com o enquadramento do primeiro-ministro em uma lei de 2012, que determina que membros do Senado com condenações superiores a dois anos percam seus mandatos. Em agosto, Berlusconi foi condenado a quatro anos por cometer fraude fiscal em seu império de empresas de comunicação (por causa da idade do bilionário, 76 anos, a pena foi reduzida para um ano).
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Entre os senadores que rejeitaram a solicitação de manter a legitimidade de Berlusconi e interromper o processo oito pertencem ao Partido Democrata (PD) do primeiro-ministro Enrico Letta. A coalizão liderada por Letta depende do apoio do partido Povo da Liberdade (PdL), dominado por Berlusconi. Uma eventual cassação do “il Cavaliere” pode provocar a saída do PdL do governo e a dissolução da coalizão – e a consequente realização de novas eleições.
Pronunciamento – Antes do início da votação preliminar, Berlusconi fez um pronunciamento melodramático na televisão italiana. O bilionário prometeu que vai permanecer na política mesmo se for cassado.
“Sempre estarei com vocês, ao seu lado, seja expulso do Parlamento ou não. Não é uma cadeira no Parlamento que faz um líder”, disse Berlusconi, que foi primeiro-ministro da Itália em três ocasiões diferentes.
No pronunciamento, que totalizou dezesseis minutos, Berlusconi não falou do atual primeiro-ministro Enrico Letta nem da frágil coalizão que governa a Itália atualmente,
Berlusconi também aproveitou para anunciar oficialmente o relançamento do seu antigo partido, o Forza Italia (Força Itália), que existiu entre 1994 e 2009 e acabou sendo extinto por causa da fusão com outras agremiações, dando origem ao atual partido do bilionário, o Povo da Liberdade.
Por fim, Berlusconi aproveitou o pronunciamento para atacar o Judiciário do país, que confirmou em agosto a sentença de quatro anos de prisão (depois reduzidos para um ano) por fraude fiscal na administração do seu império de empresas de comunicação. O bilionário disse que foi perseguido por “juízes esquerdistas” e pediu uma reforma no poder.
“O Judiciário se transformou em poder rival capaz de influenciar o executivo”, disse. Essa foi a primeira condenação definitiva imposta a Berlusconi, que nas últimas décadas enfrentou – e ainda enfrenta – dezenas de processos, alguns envolvendo acusações de ligações com a máfia e sexo com uma prostituta menor de idade.