Berlusconi diz que vai continuar na política mesmo se for cassado
Em pronunciamento na TV, bilionário que corre o risco de perder o mandato de senador atacou Judiciário e anunciou relançamento de antigo partido
Poucas horas antes do início da votação preliminar que vai decidir seu futuro político, o ex-primeiro ministro italiano Silvio Berlusconi fez um pronunciamento melodramático na televisão italiana. O bilionário de 76 anos, que corre o risco de perder o seu mandato de senador por causa de uma condenação por fraude fiscal, prometeu que vai permanecer na política mesmo se for cassado.
“Sempre estarei com vocês, ao seu lado, seja expulso do Parlamento ou não. Não é uma cadeira no Parlamento que faz um líder”, disse Berlusconi, que foi primeiro-ministro da Itália em três ocasiões diferentes.
No pronunciamento, que totalizou dezesseis minutos, Berlusconi não falou do atual primeiro-ministro Enrico Letta nem da frágil coalizão que governa a Itália atualmente, e que corre o risco de ser dissolvida caso Berlusconi seja condenado. A direção do partido do bilionário, o Povo da Liberdade (PdL), já afirmou que vai abandonar o governo caso Berlusconi acabe sendo cassado, o que pode levar a realização de novas eleições em um momento de incerteza econômica no país.
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Berlusconi também aproveitou para anunciar oficialmente o relançamento do seu antigo partido, o Forza Italia (Força Itália), que existiu entre 1994 e 2009 e acabou sendo extinto por causa da fusão com outras agremiações, dando origem ao atual partido do bilionário, o Povo da Liberdade.
Por fim, Berlusconi aproveitou o pronunciamento para atacar o Judiciário do país, que confirmou em agosto a sentença de quatro anos de prisão (depois reduzidos para um ano) por fraude fiscal na administração do seu império de empresas de comunicação. O bilionário disse que foi perseguido por “juízes esquerdistas” e pediu uma reforma no poder.
“O Judiciário se transformou em poder rival capaz de influenciar o executivo”, disse. Essa foi a primeira condenação definitiva imposta a Berlusconi, que nas últimas décadas enfrentou – e ainda enfrenta – dezenas de processos, alguns envolvendo acusações de ligações com a máfia e sexo com uma prostituta menor de idade.
A votação desta quarta-feira não é final. Se a comissão considerar que ele deve perder o mandato, a questão deverá ser analisada em outubro pelo plenário. Mas a votação desta quarta-feira pode indicar se os parlamentares, incluindo os membros do partido do primeiro-ministro, estão dispostos a enfrentar “il Cavaliere”.