Com ucranianos abrigados em fábrica, Severodonetsk é a nova Mariupol
Agência de inteligência militar do Reino Unido estimou que “várias centenas” de civis estavam dentro da usina Azot
Enquanto o exército da Rússia aperta o cerco na cidade de Severodonetsk nesta quarta-feira, 15, soldados e civis ucranianos em abrigaram-se em uma fábrica de produtos químicos da era soviética, criando uma situação semelhante ao sítio imposto na siderúrgica Azovstal, em Mariupol.
A agência de inteligência militar do Reino Unido estimou que “várias centenas” de civis estavam dentro da usina Azot. Serhiy Haidai, chefe da administração militar de Luhansk, disse que as forças russas estavam usando armas pesadas para atacar a fábrica de Severodonetsk, que antes da guerra era a terceira maior produtora de amônia da Ucrânia.
Ucranianos lutam para impedir que a estratégica cidade do leste caia nas mãos da Rússia, e uma reunião de ministros da Defesa da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) nesta quarta-feira deve ser ocupada por apelos por mais armas.
Kiev expressou frustração porque muitas das armas pesadas prometidas por seus aliados ocidentais ainda não chegaram. Na batalha pela região de Donbas, no leste do país, a Rússia usa artilharia superior à ucraniana.
Também nesta quarta, os russos pediram aos ucranianos na fábrica que se rendessem e prometeram abrir um “corredor humanitário” para que os civis sejam evacuados para a Rússia. No entanto, nos últimos quatro meses de guerra, esses anúncios raramente resultaram em ação sem o acordo de ambos os lados e monitores internacionais, como a Cruz Vermelha, envolvidos.
Haidai disse que as forças russas também estavam atirando em prédios residenciais próximos à usina química. Embora a própria cidade esteja em ruínas, a persistência da defesa ucraniana está complicando a ofensiva russa em Donbas, pressionando Moscou a aumentar os recursos direcionados à luta.
“As forças russas provavelmente serão fixadas dentro e ao redor de Azot, enquanto os combatentes ucranianos podem sobreviver no subsolo”, segundo a avaliação britânica. Em Mariupol, milhares de soldados e civis resistiram por semanas dentro da usina de Azovstal.
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Haidai disse que está “ficando mais difícil” manter o último pedaço de território na região sob controle do governo ucraniano, embora tenha acrescentado: “Mas nossos soldados restringem o inimigo de três lados ao mesmo tempo”.
As forças russas também estão pagando por cada passo à frente enquanto os dois lados se envolvem em batalhas de rua.
“É altamente improvável que a Rússia tenha previsto uma oposição tão robusta, ou um conflito tão lento e desgastante durante seu planejamento original para a invasão”, disse a agência militar britânica. A resistência contínua dos ucranianos na cidade, disse, “provavelmente impedirá temporariamente a Rússia de reordenar essas unidades para missões em outros lugares”.
O presidente Volodymyr Zelensky disse que é “vital” resistir em Donbas. “Quanto mais perdas o inimigo sofrer lá, menos poder terá para continuar a agressão. Portanto, o destino de Donbas é fundamental para determinar quem dominará [a guerra] nas próximas semanas.”
Mas sem a entrega rápida de armas ocidentais mais poderosas, disse seu governo, tudo o que podem fazer é tentar resistir, obtendo pequenos ganhos a um grande custo.