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Canadá considera ‘arbitrária’ a condenação à morte de cidadão na China

Agravamento da sentença de Schellenberg acontece em meio a tensões; ministério chinês afirmou que falas do premiê canadense são "irresponsáveis"

Por Da Redação
Atualizado em 15 jan 2019, 17h42 - Publicado em 15 jan 2019, 12h17

Uma resposta do primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, inflamou a discussão com o governo da China em um novo capítulo da tensão diplomática entre as nações. Na segunda-feira 14, uma corte chinesa condenou o canadense Robert Schellenberg à morte sob a acusação de traficar 222 quilos de metanfetamina. Schellenberg recorria de uma sentença de quinze anos de prisão julgada em novembro, que o tribunal considerou “muito tolerante”.

Em comunicado imediatamente após o novo resultado, Trudeau criticou a decisão e disse que é uma “grande preocupação para amigos e aliados do Canadá, assim como para seu governo, que a China tenha escolhido arbitrariamente aplicar a pena de morte.”

Nesta terça-feira, 15, a China respondeu ao que chamou de “comentários irresponsáveis” do primeiro-ministro. A porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Hua Chunying, manifestou sua “forte insatisfação” com as palavras do político. “Os comentários desta relevante autoridade canadense carecem do mais básico conhecimento sobre nosso sistema legal”, disse Hua.  

Ela também respondeu a medidas do Canadá, que intensificou o alerta a turistas que forem para a China pedindo que eles “exerçam um alto nível de cuidado, dada a arbitrariedade das leis locais”. Hua recomendou que o governo canadense prefira lembrar seu povo sobre não praticar tráfico na nação asiática.

“Nós exigimos que o lado canadense respeite as regras da lei, respeite a soberania judicial da China, corrija seus erros, e pare de fazer afirmações irresponsáveis”, completou a porta-voz.

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As tensões entre China e Canadá estão em uma crescente desde dezembro de 2018, quando o país americano prendeu Meng Wanzhou, executiva do gigante chinês de telecomunicações Huawei, por um pedido dos Estados Unidos. Desde então, pelo menos três cidadãos canadenses foram detidos sob circunstâncias obscuras, depois de Pequim prometer “consequências severas” se ela não fosse imediatamente liberada.

Novas Evidências

Uma tia de Schellenberg, Lauri Nelson-Jones disse que a pena de morte é “uma situação horrenda, infeliz e desoladora”. “Nosso pior medo foi confirmado”, acrescentou, “é inimaginável o que ele deve estar sentindo e pensando.”

Zhang Dongshuo, advogado de Schellenberg, declarou nesta terça que seu cliente vai recorrer da decisão, argumentando que a corte não deveria ter aumentado a sentença sem nenhuma evidência inédita introduzida no inquérito. Ele relatou à Reuters que “leis chinesas determinam que, durante recurso, uma sentença mais severa depende de novas evidências que forem descobertas e postas sob análise”, relatou à Reuters.

A China negou conexão entre o caso e os três canadenses presos desde que Meng foi detida no Canadá. Um jornal estatal disse que a possibilidade de retaliação é “uma especulação sem argumentos”.

Apesar de Schellenberg estar preso desde 2014, a mídia começou a acompanhar seu caso apenas desde a deterioração da relação chinesa com o Canadá. A Corte convidou a imprensa do país para acompanhar a sessão de ontem e a televisão estatal transmitiu um segmento de cinco minutos dos procedimentos legais.

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O tráfico é frequentemente punido de forma severa na China, e existe um histórico de estrangeiros executados por crimes relacionados a drogas, incluindo um britânico em 2009.

Schellenberg enfrentou alguns inquéritos sobre posse e tráfico de drogas no Canadá, de acordo com os registros da Justiça do país. Mas grupos de direitos humanos colocam o agravamento da sentença sob suspeita, acreditando em sua motivação política.

“A China vai enfrentar muitas questões sobre o porquê de esta pessoa em particular, com esta nacionalidade em particular, teve que ser julgada novamente logo agora”, declarou Sophie Richardson, diretora do Observatório de Direitos Humanos (HRW) de Washington, em entrevista à Reuters.

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(com Reuters, BBC)

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