Brasil e Estados Unidos criaram nesta segunda-feira (22) o Foro Permanente de Segurança Brasil-EUA, para o trabalho conjunto no combate aos ilícitos transnacionais. Segundo o Itamaraty, a iniciativa deverá fortalecer a colaboração entre os órgãos e agências de segurança pública dos dois países em seis áreas: narcotráfico, tráfico de armas, delitos cibernéticos, lavagem de dinheiro e crimes financeiros, terrorismo, e temas institucionais e transversais.
A criação do novo foro bilateral deu-se durante a visita a Brasília do vice-secretário de Estado americano, John J. Sullivan, ao ministro interino das Relações Exteriores, Marcos Galvão. Sullivan estava acompanhado pela secretária-adjunta de Assuntos Econômicos e Empresariais, Manisha Singh, e pelo secretário-adjunto interino para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Francisco Palmieri.
Segundo Sullivan, a intenção é compartilhar informações entre agência e atores que tenham atuação nas áreas discutidas. “Acreditamos que esse foro não deve ser simplesmente algo intangível, devemos ter resultados concretos e, juntos, sinalizar para aprofundar acordos em andamento”, acrescentou.
O foro será coordenado pelo Itamaraty e pelo Departamento de Estado. Sua primeira reunião de trabalho deverá ocorrer ainda neste ano, em Washington.
A iniciativa começou a ser planejada no governo da ex-presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente americano Barack Obama. Mas as negociações foram suspensas ainda em 2015, depois que vazou a existência de monitoramento das conversas telefônicas da presidente e altos funcionários do governo brasileiro pela inteligência americana.
Segundo nota do Itamaraty, Sullivan e Galvão também discutiram durante o encontro outros temas da “Agenda de 10 pontos Brasil-EUA”, entre os quais comércio e investimento, cooperação espacial e defesa. Também trataram de questões globais, com destaque para a eleição na Venezuela e a desnuclearização da Península Coreana.
Galvão, o número dois da diplomacia do governo de Michel Temer, afirmou nesta terça que é “um momento muito significativo na relação bilateral” entre Brasil e Estados Unidos.
Venezuela
Sullivan e Galvão também trataram da reeleição de Nicolás Maduro para a presidência da Venezuela e o impacto desse resultado nas crises política, econômica e humanitária. Ambos os países coincidiram na ausência de credibilidade e legitimidades do processo eleitoral venezuelano e atuam, no âmbito da Organização dos Estados Americanos (OEA), em favor da suspensão de Caracas.
Maduro foi reeleito para governar até 2025 com 68% dos votos, em eleições consideradas ilegítimas pela oposição e por muitos países, entre eles Estados Unidos e Brasil.
Após o resultado, o governo de Donald Trump anunciou novas sanções econômicas contra a Venezuela, e os países do Grupo de Lima, do qual o Brasil faz parte, anunciaram que convocarão para consultas seus embaixadores em Caracas e que agirão para bloquear fundos internacionais destinados à Venezuela.
(Com Agência Brasil)