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Maduro é reeleito na Venezuela em pleito contestado fora e dentro do país

No poder desde 2013, presidente teve quase 6 milhões de votos em uma disputa marcada pela altíssima abstenção; EUA veem ‘farsa’, e rivais pedem novo pleito

Por Da Redação
Atualizado em 21 Maio 2018, 02h39 - Publicado em 21 Maio 2018, 02h38

Nicolás Maduro, 55 anos, foi reeleito para a Presidência da Venezuela para o período 2019-2025 ao ganhar neste domingo uma eleição marcada pela altíssima abstenção – mais da metade do eleitorado não foi às urnas – e pela exigência dos derrotados de que o pleito se repita devido a acusações de irregularidades, além da forte oposição dos Estados Unidos.

Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Maduro obteve 5.823.728 votos, com uma participação de 8.6 milhões dos mais de 20 milhões de eleitores (43% do total) que foram chamados às urnas, o que se traduz em um das porcentagens de participação mais baixa da história venezuelana.

O segundo colocado foi o ex-governador Henri Falcón, que ficou com 1.820.552 votos, seguido pelo ex-pastor evangélico Javier Bertucci (925.042) e Reinaldo Quijada (34.614). Outro tanto ficou com as alianças opositoras Mesa da Unidade Democrática e Frente Ampla, que pediram a abstenção por considerar que o pleito era fraudulento – para eles, a participação na “farsa eleitoral” não chegou a 30%.

Maduro está no poder desde 2013 e seu mandato iria até o final desde ano – com a vitória, ele ficará no cargo até o término de 2025. O chavismo, estilo de governo implantado por seu antecessor, Hugo Chávez – que morreu em março de 2013 – , controla o poder político na Venezuela desde 1999.

A vitória de Maduro ocorre em meio a uma das mais profundas crises econômica e social vividas pela Venezuela, com desemprego crescente, inflação fora de controle e a fome ameaçando boa parte da população – muitos têm deixado o país, parte deles para o Brasil.

Diálogo

Recém-reeleito, Maduro convocou os três candidatos derrotados e os líderes promotores da abstenção para um diálogo a fim de diminuir as diferenças e enfrentar a crise do país. “Henri Falcón, Javier Bertucci (…), todos os líderes da oposição, que nos reunamos, nos encontremos e falemos da Venezuela. Convido-os aqui e assumo a responsabilidade deste chamado”, disse Maduro nos arredores do Palácio de Miraflores, em frente a centenas de simpatizantes.

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O presidente repudiou a posição de seu principal adversário, Falcón, que decidiu não reconhecer o processo e exigir que sejam feitas novas eleições. “Não tinha visto nunca na vida que um candidato desconhecesse os resultados, sem que os resultados tivessem sido dados. Parece que não há honra, não dá para buscar muito de honra e de moral nas filas opositoras”, disse Maduro.

Antes de terminar o dia de votação, tanto Falcón quanto Bertucci denunciaram que foram registradas mais de mil violações à lei eleitoral cometidas pelo chavismo governante e acusaram Maduro de usar “pontos vermelhos” de controle próximos aos locais de votação para obrigar o “povo” a votar pelo candidato à reeleição.

Além disso, acusaram o governo de “comprar votos” ao oferecer bônus aos votantes que votassem com a chamada “carteira da pátria” – que dá direito a benefícios assistenciais do Estado – no candidato chavista. Também asseguraram que o chavismo praticou o “voto assistido” ao acompanhar centenas de votantes no ato, o que configuraria uma participação sob coação.

Falcón afirmou que não reconhecerá os resultados devido às reiteradas violações aos acordos pré-eleitorais por parte de Maduro e exigiu que o processo se repita em outubro deste mesmo ano. “Não reconhecemos este processo eleitoral como válido”, disse Falcón. “Para nós, é preciso fazer novas eleições na Venezuela. Não é um pedido que viemos fazer, viemos fazer uma exigência”, disse.

Bertucci, por sua vez, pediu ao já reeleito presidente para repetir a eleição e apontou que “este país ficou grande para o candidato oficialista”. “Faço um apelo a ele: o mais valente que pode fazer pela Venezuela é repetir as eleições e deixar que esta nação renasça”, disse, ao mesmo tempo em que pediu ao país para não perder a esperança.

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Bertucci insistiu na acusação de que Maduro teve “vantagem” ao oferecer ajudas sociais com “os recursos do Estado” e ao utilizar “os pontos vermelhos para tentar comprar e oferecer descaradamente bônus e dinheiro às pessoas que votavam”.

Estados Unidos

Antes mesmo do término da votação, os Estados Unidos denunciaram o que consideram ausência total de legitimidade na eleição e indicaram que não irão reconhecer o resultado do processo eleitoral. “A farsa das eleições não muda nada. Precisamos que o povo venezuelano controle este país… uma nação com muito a oferecer ao mundo”, escreveu no Twitter o secretário de Estado americano, Mike Pompeo.

“As chamadas eleições na Venezuela de hoje não são legítimas”, afirmou, também pelo Twitter, Heather Nauert, a porta-voz do Departamento de Estado. “Os Estados Unidos estão do lado das nações democráticas no mundo que apoiam o povo venezuelano e seu direito soberano de eleger seus representantes em eleições livres e justas”, acrescentou.

A indicação de que os Estados Unidos não irão reconhecer o resultado da eleição também foi dada pelo número 2 do Departamento de Estado, John Sullivan, que afirmou a jornalistas que os Estados Unidos consideram ativamente impor sanções envolvendo o petróleo da Venezuela. Segundo ele, uma resposta às eleições deste domingo será discutida em um encontro do G20 em Buenos Aires na segunda-feira.

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Votação em paz

A presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Tibisay Lucena, anunciou os resultados após um brevíssimo discurso no qual pediu “a todos, nacionais e estrangeiros, que respeitem os resultados eleitorais, que respeitem o povo da Venezuela, que decidiu e decidiu em paz”.

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