Ataques aéreos da Rússia contra cidade de Kiev nesta terça-feira, 1, atingiram o Memorial do Holocausto Babi Yar, afirmou o chefe do gabinete da Presidência ucraniana, Andriy Yermak. O local presta homenagem aos mais de 30 mil judeus exterminados na ocupação da região por forças nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
Os ataques também destruíram uma torre de TV e deixaram ao menos cinco mortos .
“Ao mundo: qual o sentido de dizer ‘nunca mais’ por 80 anos, se o mundo fica quieto quando uma bomba cai no sítio de Babi Yar? Ao menos cinco morreram, uma história que se repete”, disse o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que é judeu.
Em seu discurso que autorizava o ataque a Ucrânia, o presidente russo, Vladimir Putin, justificou a ofensiva como uma possibilidade de “desnazificar” o país e seu povo.
“Putin procura distorcer e manipular o Holocausto para justificar que uma invasão ilegal de um país democrático soberano seja totalmente abominável. É simbólico que ele comece a atacar Kiev bombardeando Babi Yar”, afirmou o presidente do Conselho do memorial, Natan Sharansky.
Seguindo o tom empregado por Putin, o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, afirmou nesta terça-feira que a invasão invasão russa à Ucrânia trata-se de uma “operação especial” para “desmilitarizar e desnazificar” o país vizinho.
Durante o discurso, boicotado representantes de outros países que se levantaram em protesto, Lavrov acusou Kiev de violar as liberdades fundamentais da população russa no país durante oito anos.
“Os neonazistas tomaram o poder em 2014 e esta ocupação deve acabar. O silêncio do Ocidente mostra os padrões duplos dos Estados Unidos e seus aliados, que causaram milhares de vítimas na antiga Iugoslávia, Líbia e Afeganistão”, disse ele, acusando Kiev de impor um regime de terror que reprime o uso da língua russa em escolas ou locais de trabalho.
Em nota, Israel condenou o ataque ao memorial, mas as declarações do governo não mencionaram a Rússia. Os países mantêm os canais de comunicação abertos e Israel também vê seus laços com a Rússia como facilitadores de suas ações militares na vizinha Síria, onde Moscou tem influência.
O Centro Mundial de Memória do Holocausto Yad Vashem de Israel expressou “condenação veemente” ao que descreveu como um “ataque russo mortal nas proximidades do memorial do Holocausto Babi Yar”.