Assassino de padre francês esteve preso por jihadismo
Adel Kermiche, de 19 anos, tentou ir à Síria duas vezes se juntar ao Estado Islâmico e estava em prisão domiciliar
Um dos dois responsáveis pela morte do padre Jacques Hamel, de 86 anos, em uma igreja católica em Saint-Étienne-du-Rouvray, na França, foi identificado como um jovem de 19 anos chamado Adel Kermiche. Na terça-feira, o terrorista afirmou agir em nome do Estado Islâmico (EI) ao degolar o padre e foi morto pela polícia em seguida, bem como seu parceiro.
O jovem jihadista já era conhecido das autoridades francesas e, inclusive, estava em prisão domiciliar, após ser pego tentando ir à Síria se juntar ao EI em duas ocasiões. Enquanto a família de Adel tentava impedi-lo de se unir ao grupo extremista, seus amigos relataram que ele estava se radicalizando e já havia ameaçado atacar uma igreja.
De acordo com o jornal The Guardian, colegas de escola descreveram o jovem como “facilmente influenciável”, “bobo” e alguém que nunca quis se dedicar aos estudos. Um adolescente que o conhecia contou a rádio francesa RTL que, quando ouviu sobre o ataque à igreja, soube imediatamente que Kermiche estava envolvido. “Ele falava sobre isso o tempo todo. Falava sobre o Islã e as coisas que queria fazer. Ele me disse ‘vou atacar uma igreja’ há dois meses, saindo da mesquita. Eu juro que não acreditei nele”, comentou.
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Adel era o segundo de três irmãos e os pais haviam se mudado da Argélia para França, onde ele nasceu. O jihadista, que parece ter se radicalizado por conta própria, foi preso pela polícia da Alemanha em março de 2015, acusado de tentar viajar para a Síria para se envolver com o EI. Ele foi enviado de volta à França e teve permissão para responder ao processo em liberdade. Dois meses depois, tentou ir à Síria novamente, via Turquia e foi devolvido e preso.
Apesar de protestos dos procuradores franceses, Adel foi liberado por um juiz em maio deste ano e obrigado a usar uma tornozeleira eletrônica. Ele só tinha permissão para deixar sua residência entre as 8h30 da manhã e o meio-dia e meia e foi nesse horário que conduziu o ataque à igreja.
Documentos da Justiça publicados pelo jornal Le Monde mostram que Kermiche disse “se arrepender de tentar ir para a Síria”. “Quero ter minha vida de volta, ver meus amigos, casar”, afirmou durante uma audiência. Sua mãe, professora, deu algumas entrevistas logo após a segunda prisão, onde disse “não saber a quem recorrer” para controlar o filho. De acordo com o site francês NouvelObs, a mesquita local chegou a sugerir que ele ficasse longe dos momentos de oração, o que ele não obedeceu.
Segundo suspeito — As autoridades da França também identificaram o segundo terrorista, de acordo com uma reportagem do jornal Le Point. O terrorista é um jovem de 20 anos que já estava sendo monitorado pelos serviços de inteligência por possível chance de radicalização. Citando fontes de dentro da investigação do atentado, o jornal afirmou que as iniciais do terrorista seriam A.M.P, mas que ainda se espera a confirmação de um teste de DNA.