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Às vésperas de eleição, Fernández lança nova estratégia: desafiar o FMI

A apoiadores na última semana, presidente argentino eixou claro que não pretende 'ficar de joelhos e cumprir o que os credores exigem'

Por Da Redação 12 nov 2021, 15h41

Às vésperas das eleições legislativas, no próximo domingo, 14, e em meio a um cenário marcado por crescentes tensões cambiais e insegurança, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, parece estar longe de um comprometimento. A apoiadores na última semana, deixou claro que um acordo rápido com o Fundo Monetário Internacional significaria “ficar de joelhos e cumprir o que os credores exigem”, e isso “não é o que um peronista faz”.

Conforme o prazo de março para pagar os bilhões de dólares ao FMI se aproxima, o governo enfrenta uma crise econômica e precisa de um acordo novo com o fundo para conseguir mais dinheiro. A inflação segue em disparada, se aproximando de 53% nos últimos 12 meses e, só em setembro, os preços subiram 3.5%, aumentando a insatisfação popular com os rumos da economia.

No entanto, ao invés de se aproximar para um acordo, Fernández e seu gabinete adotaram uma linha dura antes do pleito de domingo, no qual o partido governista pode perder sua maioria no Senado. O partido governista perdeu apoio em praticamente todos os distritos, incluindo a província de Buenos Aires, seu principal reduto eleitoral, onde ganhou 32,5% dos votos, contra 37,3% dos rivais.

Junto a isso, surpreenderam autoridades do FMI ao insistirem em concessões grandes, como menores taxas de juros e até 10 anos para pagar.

Em jogo está a reputação do FMI, conforme tenta ajudar economias emergentes a saírem de recessões aceleradas pela pandemia, e o próprio caminho da Argentina, um membro do G20 que arrisca ser afastar da comunidade internacional e o isolamento, segundo análise do jornal Financial Times.

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O acordo “stand-by” que o FMI assinou há três anos com o então governo de Mauricio Macri (2015-2019) estipulava um empréstimo à Argentina de até 56,3 bilhões de dólares, dos quais 44,2 bilhões foram repassados. A dívida, após a aplicação das variações de juros e taxas de câmbio, além de parcelas já efetuadas neste ano, era de 43,09 bilhões no final de setembro, de acordo com os últimos dados oficiais disponíveis.

Sob o acordo, a Argentina deveria pagar, entre capital e juros, 19,02 bilhões no próximo ano, 19,27 bilhões em 2023 e 4,8 bilhões em 2024, compromissos que o governo de Alberto Fernández alega que o país não está em condições de cumprir. Em março, a vice-presidente Cristina Kirchner já havia deixado claro que “não podemos pagar porque não temos dinheiro para pagar”.

Se Buenos Aires de fato não pagar a dívida, ficaria ainda mais afastado de investidores privados, se tornando uma espécie de pária financeiro internacional. Como não há fontes internacionais de crédito para o país, o governo segue imprimindo dinheiro como forma de se financiar, o que alimenta o déficit fiscal, que deve fechar o ano em 4% do PIB. 

A medida também derruba o valor da moeda nacional, o peso, que tem sido negociado a preços jamais vistos. Como resultado, a Argentina amarga hoje a maior inflação entre as economias de grande porte, perdendo apenas para a insolvente Venezuela.

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No entanto, o presidente Alberto Fernández defendeu sua administração. Em discurso na quinta-feira, ele afirmou que o país está avançando no caminho ditado pelo governo: mais produção nacional e mais emprego registrado.

“Vamos tentar dar passos firmes para que o crescimento que vemos alcance todos os homens e mulheres argentinos. Não é suficiente para nós que o PIB cresça mais de nove pontos se a vida dos argentinos não melhorar”, disse.

A recuperação econômica e o progresso do plano de vacinação foram os principais marcos que o chefe de Estado reivindicou em seu discurso, que incluiu numerosas críticas à oposição.

Este ano, espera-se que o PIB deve crescer 7.5%. Mas o aumento, porém, é ilusório, e só acontece porque tem como base de comparação ano de 2020, quando a Argentina enfrentou uma queda histórica de 10% do PIB.

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