Argentina vai às urnas com 53% de inflação e 1.432 produtos tabelados
País enfrentará eleições legislativas em 14 de novembro em clima de desarranjo econômico
Problema crônico da economia da Argentina, a inflação segue em disparada, se aproximando de 53% nos últimos 12 meses.
Só em setembro, os preços subiram 3.5%, aumentando a insatisfação popular com os rumos da economia.
Para tentar conter o problema, o governo do presidente Alberto Fernández instituiu em outubro o tabelamento de preços sobre 1,432 produtos.
A medida foi instituída pelo novo secretário de Comércio, Roberto Feletti, e mantém os preços congelados até janeiro de 2022.
A relação de preços integra um documento com 881 páginas e institui preços máximos a todo tipo de bem de consumo, de sorvete a creme de barbear.
Fernández também impôs limite estrito às exportações de carne como forma de segurar os preços do produto, bastante consumido no dia a dia pelos argentinos.
A intervenção na economia aconteceu logo após a dura derrota de Fernández nas eleições primárias para o Legislativo, em setembro, quando a coalizão pró-governo, a “Frente de Todos”, obteve somente 31% dos votos.
Se esse panorama se confirmar, Fernández perderá o controle sobre a Câmara Alta e a maioria simples na Câmara Baixa nas eleições de 14 de novembro.
As medidas, porém, têm se mostrado ineficientes para conter a cavalgada inflacionária. Analistas já descartam, inclusive, a promessa do governo de baixar a inflação para 33% ao ano em 2022.
O problema, afirmam, encontra raízes em profundos desarranjos macroeconômicos que não foram enfrentados por Alberto Fernández.
Como não há fontes internacionais de crédito para o país, o governo segue alimentando imprimindo dinheiro como forma de se financiar. Isso alimenta o déficit fiscal, que deve fechar o ano em 4% do PIB.
Também derruba o valor da moeda nacional, o peso, que tem sido negociado a preços jamais vistos.
Desde 2019, a Casa da Moeda argentina trabalha 24 horas por dia para dar conta da emissão de notas.
Como resultado, a Argentina amarga hoje a maior inflação entre as economias de grande porte, perdendo apenas para a insolvente Venezuela.
A economia também segue em marcha ré. Este ano, espera-se que o PIB deve crescer 7.5%.
Mas o aumento, porém, é ilusório, e só acontece porque tem como base de comparação ano de 2020, quando a Argentina enfrentou uma queda histórica de 10% do PIB.