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Após reveses na guerra, Putin convoca mais 300.000 soldados para exército

Em um raro discurso à nação, o presidente russo criticou o Ocidente por fornecer armas à Ucrânia e fez uma ameaça velada de usar armas nucleares

Por Da Redação
Atualizado em 21 set 2022, 18h08 - Publicado em 21 set 2022, 09h03

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou nesta quarta-feira, 21, a convocação de 300.000 reservistas para o exército, com o objetivo de intensificar sua ofensiva na guerra da Ucrânia após perder território. O líder russo também criticou diretamente o Ocidente por seu apoio à Ucrânia, com uma ameaça velada de usar armas nucleares.

Em um raro discurso gravado à nação, Putin pediu uma “mobilização parcial” de pessoas com experiência militar. Embora Moscou tenha sofrido perdas significativas recentemente no campo de batalha, ele disse que os objetivos da Rússia na Ucrânia não mudaram e que a medida era “necessária e urgente” porque o Ocidente “ultrapassou todos os limites” ao fornecer armas sofisticadas à Ucrânia.

O discurso foi uma aparente tentativa de reafirmar sua autoridade sobre uma guerra cada vez mais caótica, que desafia sua liderança tanto em casa quanto no cenário global. A fala também intensificou o confronto da Rússia com as nações ocidentais que ajudaram a Ucrânia com armas, financiamento e serviços de inteligência, que contribuíram para seus recentes sucessos na recuperação de território no nordeste do país.

Putin acusou os Estados Unidos e a Europa de se envolverem em “chantagem nuclear” contra seu país e alertou que a Rússia tinha “muitas armas” próprias.

“A quem se permite tais declarações sobre a Rússia, quero lembrar que nosso país também tem vários meios de destruição, e alguns componentes são mais modernos que os dos países da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte)”, disse.

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Putin também reafirmou seu apoio aos referendos anunciados às pressas na terça-feira 20. Com os resultados, ele pode declarar que o território ucraniano ocupado se tornou parte da Rússia. A anexação pode ocorrer já na próxima semana.

Autoridades de repúblicas separatistas autodeclaradas afirmaram que qualquer ação militar ucraniana nesses territórios poderia ser considerada um ataque à própria Rússia. Putin não ecoou a declaração, mas alertou que estava pronto para usar todas as armas do arsenal da Rússia para proteger o que o Kremlin considera território russo.

“Se a integridade territorial de nosso país estiver ameaçada, certamente usaremos todos os meios à nossa disposição para proteger a Rússia e nosso povo”, disse ele. “Isso não é um blefe.”

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Ao anunciar a convocação de soldados, Putin também acena aos russos que apoiam a guerra mas criticam o Kremlin por não dedicar os recursos necessários para travar uma guerra em grande escala. O presidente procurava evitar o alistamento para manter as dificuldades da guerra o mais distante possível dos russos comuns, mas os recentes reveses no campo de batalha e a pressão de nacionalistas pró-guerra por um esforço mais robusto parecem ter mudado o cálculo.

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A mobilização torna obrigatório por lei que os reservistas oficialmente convocados se apresentem ao serviço, sob pena de multas ou sanções. O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, disse que estudantes não seriam convocados para lutar e que os recrutas não seriam enviados para a “zona de operações especiais”, expressão que o Kremlin usa para se referir à guerra.

Autoridades britânicas e da União Europeia disseram que a ação de Putin é um sinal de que sua guerra está falhando. A China, que tem sido uma aliada cada vez mais importante da Rússia, emitiu uma breve declaração de seu Ministério das Relações Exteriores pedindo que todas as partes “cheguem a um cessar-fogo por meio do diálogo e das negociações”.

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O número de soldados russos, incluindo separatistas alinhados com a Rússia, membros de empresas de segurança privada e voluntários, atualmente não excede 200.000, segundo estimativas de analistas e especialistas militares. Se a mobilização parcial for bem-sucedida, os novos recrutas mais que dobrarão essa quantidade, tornando mais fácil para a Rússia defender as linhas de frente na Ucrânia.

No entanto, a maioria dos militares de alto escalão já foi mobilizada, e os convocados precisarão de mais treinamento e armas.

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