Apoio à renúncia de Boris Johnson cresce entre parlamentares britânicos
Cerco se fecha cada vez mais para primeiro-ministro por conta de escândalo envolvendo festas durante período mais restritivo de lockdown no país
O cerco está se fechando cada vez mais para o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, por causa do escândalo Partygate – as 17 festas durante o período mais restritivo de lockdown no país, em junho de 2020. Agora foi a vez de dezenas de parlamentares conservadores, do próprio premiê, enviarem cartas pedindo a renúncia do líder.
O voto de desconfiança é uma proposta legislativa acionada quando os parlamentares não têm mais confiança no governo. Para isso, é necessário que o presidente do Comitê de 1922, Graham Brady, receba cartas de pelo menos 54 parlamentares conservadores – 15% do partido parlamentar. Segundo análise do jornal britânico The Guardian, citando fontes internas, ao menos 46 conservadores já escreveram suas cartas ou sugeriram que o premiê deveria deixar o cargo, e o número envolve apenas as declarações já feitas publicamente.
“Deixei minha posição muito clara para o primeiro-ministro: ele não tem meu apoio. Uma pergunta que coloco humildemente aos meus colegas é: você está disposto, dia após dia, a defender publicamente esse comportamento?”, disse o presidente do comitê de defesa, Tobias Ellwood.
O escândalo envolve festas em Downing Street, a residência oficial do líder do governo, que iam até as primeiras horas da manhã, com funcionários bêbados vomitando e brigando entre si, manchas de vinho tinto nas paredes e uma festa de aniversário ilegal para o primeiro-ministro britânico – completa com seis engradados de cerveja e dezenas de sanduíches.
Em sua carta, o parlamentar Nick Gibb disse lamentar dizer que “para restaurar a confiança, precisamos mudar o primeiro-ministro”. Já Anne Marie Morris disse que “precisamos de verdade de honestidade, e que aqueles que quebraram as regras sejam responsabilizados”.
Dezenas de outros parlamentares também mostraram sua indignação com o envolvimento de Johnson no escândalo, e afirmam ser muito improvável que ele não soubesse dos eventos – um deles foi sua própria festa de aniversário. Muitos afirmam também que a única solução para restaurar a confiança das pessoas no governo seria tirando Johnson do cargo.
Um relatório publicado pelo governo na semana passada, no entanto, afirma que ele “deve assumir a responsabilidade” por uma cultura que permitiu que as festas ocorressem. O documento afirma que “não há desculpa para alguns dos comportamentos” investigados, como “consumo excessivo de álcool” e registros de trocas de e-mail também foram apresentados, incluindo alguns em que a equipe do premiê discutia abertamente esconder suas festas da mídia.
Em um discurso inicial na Câmara dos Comuns na semana passada, Johnson agradeceu a investigação e renovou seu pedido de desculpas pelo evento em seu gabinete pelo qual foi multado. Ele declarou que assumiria total responsabilidade por tudo o que ocorreu em seu turno.
No entanto, o premiê afirmou que faltava contexto para algumas das acusações sobre as festas. Segundo ele, alguns eventos foram apropriados porque eram festas de despedida para funcionários que estavam deixando o governo. O líder britânico diz que sua participação nesses eventos pode ser considerada aceitável.