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Ao Parlamento italiano, Giorgia Meloni nega qualquer relação com fascismo

Recém-empossada premiê da Itália também relatou um 'fardo pesado sobre os ombros' ao ser a primeira mulher a comandar o país

Por Da Redação
Atualizado em 25 out 2022, 19h02 - Publicado em 25 out 2022, 19h02

Em seu primeiro discurso ao Parlamento desde que foi empossada primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni usou o espaço nesta terça-feira, 25, para negar qualquer relação com o fascismo e relatar um “fardo pesado sobre os ombros” ao ser a primeira mulher a comandar o país.

“Nunca senti qualquer simpatia ou proximidade com regimes antidemocráticos. Por nenhum regime, incluindo o fascismo”, disse a nova premiê, que citou algumas leis instauradas pelo ditador Benito Mussolini na década de 1930 como “o ponto mais baixo da história italiana” e “uma vergonha que manchará nosso povo para sempre”.

A fala é mais uma tentativa de se distanciar de participação em movimentos vistos como problemáticos, como o Movimento Social Italiano, partido fundado em 1946 por admiradores de Mussolini e onde Meloni iniciou sua carreira política na ala juvenil.

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Apesar disso, a política não se desapegou de pautas conservadores, prometendo reprimir a imigração ilegal e criticando governos estrangeiros que disseram que iriam acompanhar de perto a Itália em relação aos direitos civis, dizendo que tais atitudes são “uma falta de respeito ao povo italiano”.

Em agosto, Meloni também tentou distanciar seu partido, o Irmãos da Itália, de suas raízes neofascistas, publicando um vídeo em agosto dizendo que o partido havia “entregue o fascismo à história” décadas atrás. Em vez disso, ela apresenta o partido como um defensor conservador do patriotismo e afirmou no ano passado que não havia “fascistas nostálgicos, racistas ou antissemitas no DNA dos Irmãos da Itália”.

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Revelações recentes, no entanto, colocaram uma pulga atrás da orelha. No primeiro passado para a formação do governo, Ignazio La Russa, ex-ministro da Defesa cujo pai foi secretário do partido de Mussolini, foi eleito presidente do Senado italiano.

Pertencente ao mesmo partido da premiê, o político, que tem “Benito” como nome do meio, foi visto em vídeo exibindo relíquias fascistas, incluindo fotos, medalhas e uma estátua do ditador italiano, em exibição em sua casa. O clipe foi filmado em 2018. “Tem até um símbolo comunista, mas colocamos embaixo dos pés [da estátua de Mussolini]”, diz La Russa no vídeo.

No sábado 22, a política se tornou a primeira mulher a assumir o cargo de primeira-ministra da Itália e, ao mesmo, tempo a primeira líder de extrema-direita do país desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

A nova primeira-ministra agora precisa de votos de confiança em ambas casas do Parlamento, antes que seu governo assuma o poder total do Estado. Dado o sólido apoio que a colisão tem nas suas câmaras o procedimento deve ser apenas uma formalidade. 

“Feminismo”

A chegada de Meloni ao poder acendeu um debate sobre empoderamento feminino ao usar a forma masculina de seu título – por exemplo, il presidente del Consiglio (o presidente do Conselho), em vez do artigo feminino, la presidente (a presidente) – em sua primeira declaração oficial. Embora o uso da forma feminina para cargos ocupados por mulheres esteja gramaticalmente correto, qualquer pessoa que prefira usar a forma masculina pode fazê-lo. 

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Meloni nunca ser descreveu como feminista: é contra as “cotas rosas” nas salas de reuniões e acredita que os papéis devem ser alcançados de acordo com o mérito e não com o gênero. Críticas feministas dizem que sua política é patriarcal e que, como primeira-ministra, ela não fará nenhum favor aos direitos das mulheres. 

No entanto, ela fez um discurso no qual afirma as dificuldades que enfrenta na política sendo mulher.

“Quando me debruço sobre esse fato … inevitavelmente me pego pensando na responsabilidade que tenho para com todas as mulheres que enfrentam dificuldades para afirmar seu talento ou, mais trivialmente, o direito de ver seus sacrifícios diários apreciados.”

Ela também surpreendentemente defendeu 11 famosas mulheres italianas ao longo da história, de todo o espectro político, e afirmou que elas “construíram a escada” que lhe permitiu “subir e quebrar o pesado teto de vidro sobre nossas cabeças”. Entre as nomeadas na lista estavam Tina Anselmi, líder da resistência antifascismo e a primeira mulher a ocupar um cargo ministerial; Oriana Fallaci, correspondente de guerra que também foi partidária da Segunda Guerra Mundial; e Samantha Cristoforetti, que no mês passado se tornou a primeira mulher europeia a comandar a estação espacial internacional.

“A elas agradeço por terem demonstrado o valor das mulheres italianas, como espero poder fazer também”, acrescentou a premiê italiana.

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