Às vésperas do Ano Novo chinês, que começa nessa segunda-feira, centenas de milhões de chineses embarcam em trens, ônibus, aviões e carros para passar a virada ao lado da família ou aproveitar o feriado longe de casa. O enorme deslocamento de pessoas associado ao mau tempo e à neve levou à superlotação de estações de trem em todo o país.
Filas gigantescas se formaram do lado de fora da principal estação da cidade de Guangzhou, no sudeste do país, ao longo da semana. Cem mil pessoas foram se amontoando ao redor do local à medida que os trens sofriam atrasos causados pelo mau tempo. Na terça pela manhã, 22 trens estavam atrasados em pelo menos uma hora, informou a Companhia Ferroviária de Guangzhou. A cidade é a capital de Guangdong, a província mais populosa da China e moradia do maior número de migrantes no país.
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Em outra capital industrial no sul do país, Cantón, os viajantes tiveram que esperar até 10 horas do lado de fora da estação principal para embarcar nos trens, com temperaturas entre 9 e 11 graus Celsius. Segundo as autoridades locais, uma equipe de 2.600 guardas de segurança foi deslocada para organizar o fluxo de pessoas.
O Ano Novo é um dos poucos feriados prolongados na China e nessa época é registrado o maior deslocamento de pessoas do mundo. Em um período de 40 dias, que vai de 24 de janeiro até 3 de março, são esperadas mais de 2,9 bilhões de viagens de trem dentro do país. São 100 milhões de passageiros a mais do que o registrado no ano passado. Por isso, além de toda a dificuldade para embarcar nos trens, os passageiros ainda têm de passar longas noites acordados para comprar as passagens pela internet.
Em seu livro “Os Chineses”, a jornalista Cláudia Trevisan, que viveu e trabalhou na China, conta que para muitos trabalhadores, essa é a única época do ano em que podem voltar para suas casas e reencontrar suas famílias. “Os trens viajam apinhados e muitos usam fraldas descartáveis porque é impossível se locomover para chegar ao banheiro. Os trajetos podem durar trinta horas, percorridas de pé por grande parte dos passageiros”, descreve a autora.
(Da redação)