Alemanha demite chefe de segurança cibernética por ‘laços com a Rússia’
Demissão ocorre em momento de tensão para Berlim devido a sua aproximação com o governo ucraniano
O governo da Alemanha demitiu o chefe de segurança cibernética nesta terça-feira, 18, após alegações de que ele estaria excessivamente próximo da Rússia por meio de uma associação que ajudou a criar. Arne Schönbohm estava à frente da Autoridade Federal de Segurança Cibernética desde 2016.
As acusações partiram da mídia alemã, que acusou Schönbohm de ter ligações com pessoas envolvidas com o serviço de inteligência russo. Em nota, o Ministério do Interior disse que está analisando as acusações, embora tenha confirmado que ele foi demitido com efeito imediato.
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O ex-chefe esteve sob escrutínio depois que seus potenciais vínculos com uma empresa russa foram expostos pelo apresentador de um dos programas de televisão mais populares da Alemanha, Jan Böhmermann. Antes de integrar o órgão do governo, Schönbohm ajudou a criar e a administrar o Cyber Security Council Germany, uma associação privada que aconselha empresas e formuladores de políticas em questões de segurança cibernética.
De acordo com o jornalista, ele teria mantido laços estreitos com a associação e chegou a comparecer às comemorações do 10º aniversário, em setembro. Um dos membros fazia parte de uma empresa de segurança cibernética chamada Protelion, que era uma subsidiária de uma empresa russa supostamente estabelecida por um ex-membro do serviço de inteligência russo homenageado pelo presidente Vladimir Putin.
A Protelion foi expulsa da associação no fim de semana passado e o Conselho de Segurança Cibernética da Alemanha diz que as alegações sobre possíveis ligações com a Rússia são falsas.
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“O pano de fundo disso são as alegações reveladas e amplamente discutidas na mídia. A confiança pública necessária na neutralidade e imparcialidade de sua liderança como presidente da mais importante agência alemã de segurança cibernética foi prejudicada”, disse a porta-voz do Ministério do Interior, Nancy Faeser.
Apesar de confirmar a demissão, o órgão enfatizou que Schönbohm é “potencialmente inocente” até que as investigações sejam concluídas.
Segundo o jornal alemão Der Spiegel, o ex-chefe de segurança cibernética abriu um processo formal disciplinar depois de não receber o feedback do governo após as acusações iniciais. Ele disse que ainda não sabia “o que o ministério examinou e quais são as alegações concretas contra mim”.
A situação ocorre em um momento em que Berlim aumenta cada vez mais seu apoio à Ucrânia, o que levanta temores de que a infraestrutura alemã possa se tornar alvo da inteligência russa.
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Na semana passada, o Ministério da Defesa anunciou que planejava entregar quatro sistemas de defesa antiaérea para Kiev após a sequência de bombardeios orquestrada pelo Kremlin contra a capital ucraniana.