50 toneladas de doações entraram pela fronteira venezuelana, diz deputado
Miguel Pizarro não deu detalhes sobre suposta falha no bloqueio ordenado por Nicolás Maduro e assegurou que Juan Guaidó voltará à Venezuela
Segundo um deputado da Assembleia Nacional venezuelana, um carregamento com 50 toneladas de ajuda humanitária conseguiu atravessar uma das fronteiras do país. Miguel Pizarro, membro do grupo de apoio ao presidente autodeclarado Juan Guaidó, não quis revelar em qual ponto teria acontecido a travessia, para proteger o seu funcionamento.
As novas informações contradizem os porta-vozes do ditador Nicolás Maduro, que no fim de semana celebraram a “vitória” do bloqueio às doações internacionais em meio aos graves confrontos nas fronteiras com o Brasil e a Colômbia no sábado 23.
“Nem um único caminhão com ajuda humanitária passou”, declarou o presidente da Assembleia Constituinte, Diosdado Cabello, durante um ato em San Antonio del Táchira, na fronteira com a Colômbia. Acompanhado por generais leais ao presidente chavista, Cabello ainda assegurou que o governo está inflexível em sua posição.
“Nós não nos rendemos, nem vamos nos render. Ontem nós mostramos isso a eles, não caímos no que queriam. Não demos os mortos que eles queriam, agimos de forma muito inteligente até a vitória”, disse o político, apesar dos mortos registrados nos conflitos da fronteira com o Brasil.
Em um discurso no Parlamento venezuelano, Miguel Pizarro afirmou que o governo interino está combinando esforços com a comunidade internacional para pressionar o ditador Nicolás Maduro como uma resposta à violência que “adquiriu uma nova dimensão”, nas palavras do político. “Eles (o governo de Maduro) sabem o que significa converterem-se em violadores dos direitos humanos. Eles se tornaram indivíduos que serão julgados dentro e fora do país. A derrota é de quem apela para a força bruta”, afirmou Pizarro.
Ao responder aos questionamentos do governo chavista sobre por que Guaidó não convoca novas eleições, o oposicionista afirmou que o presidente interino “chegará lá”, mas não enquanto Maduro estiver na presidência e Tibisay Lucena comandar o Conselho Nacional Eleitoral (CNE). “Se eles realmente querem eleições, que saiam do Palácio de Miraflores e deixem de produzir tragédias contra os venezuelanos.”
Guaidó está em Bogotá, capital da Colômbia, onde participou de um concerto em apoio à ajuda humanitária aos venezuelanos no fim de semana. Nesta segunda-feira, 25, ele se encontrou com líderes do Grupo de Lima e com o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, para discutir a situação do país. Ainda não ficou claro qual será a logística de seu retorno à Venezuela com as fronteiras sob forte vigilância, mas Pizarro assegurou que “não existe risco de o país ter um governante exilado”.
Ainda no domingo 24, o vice-presidente da Assembleia Nacional, Stalin González, condenou uma suposta neutralidade da comunidade internacional enquanto “aqueles que usurpam o poder usam as forças paramilitares e atacam a população.” “Não se pode ser neutro quando vemos a miséria e a pobreza que existem no país, não se pode ser neutro diante dos crimes contra a humanidade na Venezuela”, declarou González.
A ajuda humanitária recusada por Maduro foi solicitada por Guaidó, presidente interino do país e reconhecido por cinquenta nações. A Venezuela enfrenta a pior crise em sua história recente, com escassez de medicamentos e produtos básicos e uma hiperinflação que levou a um êxodo de 2,7 milhões de pessoas desde 2015, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
(Com AFP)