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O sabor e a força nutritiva das plantas não convencionais

Com perfil adequado aos novos humores da sociedade, elas chegam às mesas domésticas

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 out 2020, 10h09 - Publicado em 30 out 2020, 06h00
SAÚDE - Prato não convencional: 20 000 tipos exóticos catalogados – (Istock/Getty Images)

Taioba refogada, sopa de trevo-de-tr­ês-folhas, salada de azedinha e pitadas de semente de aroeira. Os nomes exóticos dos ingredientes dão a pista: são pratos feitos com plantinhas do mato, que nascem de forma espontânea por todo lugar. Na gastronomia, esse tipo de alimento, digamos, selvagem recebeu no Brasil, em 2008, a denominação de “panc”, o acrônimo para plantas alimentícias não convencionais. Com velocidade, chegou às cozinhas estreladas de chefs como Alana Rizzo, Alex Atala e Ivan Ralston. Agora, chegaram às mesas domésticas, sobretudo de quem busca uma alimentação sustentável — prato cheio para a geração dos millennials.

FLOR DE PRIMAVERA – Versátil: em sucos, chás e até empanada – (iStock/Getty Images)
TREVO-DE-TRÊS-FOLHAS - Cálcio, potássio e magnésio: bom em sopas – (iStock/Getty Images)
TAIOBA - Fibras, fósforo, ferro e cálcio: sabor lembra o do espinafre – (iStock/Getty Images)

O termo “panc” foi cunhado no Brasil pelo biólogo Valdely Kinupp, hoje professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas. Em parceria com o engenheiro agrônomo Harri Lorenzi, desenvolveu um catálogo com a identificação, tabela nutricional e receitas de 351 espécies. Diferentemente das hortaliças, legumes, grãos e frutas convencionais, as pancs não são cultivadas em larga escala. Muitas, até mesmo, são consideradas ervas daninhas por crescerem nos quintais e beiras de estrada. “Mas os benefícios desse tipo de alimento são extraordinários”, diz a geógrafa Beatriz Carvalho, fundadora do projeto Mato no Prato. As plantas nativas têm em comum altíssima concentração de vitaminas e minerais, em especial, ferro, cálcio e antioxidantes. Os sabores costumam ser fortes, vão do azedo ao picante.

SEMENTE DE AROEIRA - Carotenoide, composto antioxidante: gosto picante – (iStock/Getty Images)
AZEDINHA - Vitamina C, ferro e fibras: excelente para saladas – (iStock/Getty Images)

Ganharam espaço, apesar de caras — cerca de 30% a mais do que os produtos comuns —, porque foram adotadas pelo novo espírito do mundo, esse que se espraiou globalmente. E vencem uma barreira imensa: das mais de 50 000 plantas comestíveis disponíveis mundialmente, apenas quinze delas, principalmente o arroz, o milho e o trigo, são responsáveis por 90% das demandas de energia dos seres humanos, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura. Há, portanto, vasto espaço para crescimento. Hoje há mais de 20 000 espécies catalogadas. Existem endereços especializados que comercializam essas plantinhas. Mas muitas pessoas estão colhendo-as por conta própria. Daí a necessidade de atenção redobrada: elas não devem estar próximas a esgotos ou água parada. Devem ser evitadas espécies com espinhos, com látex ou seivas. E, claro, sempre ter como referência informações de especialistas, divulgadas em links especializados na internet. A natureza é pródiga, mas exigente.

Publicado em VEJA de 4 de novembro de 2020, edição nº 2711

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