Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

A massa que se multiplica em milhões de panetones há setenta anos

A combinação de farinha e água que veio da Itália tem sido a base dos onipresentes quitutes produzidos no Brasil

Por Adriana Dias Lopes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 16 out 2020, 10h54 - Publicado em 16 out 2020, 06h00

Esta é a história extraordinária de uma simples massa de pão. Há setenta anos, o imigrante Carlo Bauducco trouxe de Turim, no norte da Itália, uma mistura de textura viscosa e cheiro ácido, feita à base de farinha e água. Desde então, ela é tratada como a joia na empresa brasileira que leva seu sobrenome, ícone da indústria alimentícia. Chamada de massa madre, é ela que dá origem a todos os panetones da marca, que só neste ano atingiram a marca recorde de 80 milhões de unidades. A iguaria fica acondicionada em uma sala climatizada de 144 metros quadrados. Como nos berçários, há uma janela de vidro para que possa ser admirada. Todos os dias, é alimentada rigorosamente com mais água e farinha, incluindo feriados e fins de semana, de forma a manter volume suficiente para dar conta de tamanha produção. Pequenos pedaços lhe são extirpados e acomodados em cestos forrados com lençóis, que vão para estufas quentinhas. Depois de um tempo de descanso para crescerem mais um pouco, são incrementados com ovos, açúcar e recheios. A mistura vai ao forno e assim, a partir dessa multiplicação, nascem os pães natalinos que, eis algo nada milagroso, começam a invadir as gôndolas dos supermercados muito antes de dezembro – aliás, já estão aí.

Dos mais artesanais aos totalmente industrializados, os panetones pertencem a um ramo fértil no mercado de alimentos no Brasil. São dezenas de marcas que movimentam por volta de 735 milhões de reais ao longo dos três meses de venda. O levantamento mais recente da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados mostra que o consumo per capita dos brasileiros é de 440 gramas, o equivalente a um panetone inteiro. É metade em relação à Itália, o país de origem da receita, mas, considerando-se o tempo em que o alimento está na mesa dos italianos, o alcance brasileiro é extraordinário.

Uma das lendas sobre sua criação original remonta ao século XV, na cidade de Milão. A receita teria nascido por acidente. Exausto após ter trabalhado horas a fio na véspera de Natal, um padeiro chamado Toni teria queimado os biscoitos que assava para a ceia de um duque. Com medo da reação, decidiu, então, sacrificar a massa que havia guardado para o pão. Acrescentou farinha, ovos, açúcar, passas e frutas cristalizadas, e levou ao forno. O duque batizou o pão doce de “pane di Toni” (pão do Toni, panetone). No Brasil a receita chegou com os imigrantes italianos após a II Guerra Mundial. Os brasileiros, porém, só foram seduzidos pelo sabor perfumado da massa graças às versões enriquecidas com gotas de chocolate, o chocotone. E vicejou uma relação que parece ter existido desde sempre.

Publicado em VEJA de 21 de outubro de 2020, edição nº 2709

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.