Lá vem eles de novo: as armas da Alemanha para a final
Também em busca de ouro inédito, alemães deram menos prioridade aos Jogos, mas tem uma equipe entrosada, um técnico consagrado na base e jovens promessas
A seleção alemã que disputará a final da Rio-2016 certamente não é tão poderosa quanto aquela que goleou o Brasil por 7 a 1 na inesquecível semifinal da Copa do Mundo há dois anos. Os três atletas acima da idade olímpica não são consagrados mundialmente e alguns dos principais jogadores sub-23 não foram liberados por seus clubes. No entanto, não é apenas o fantasma do Mineirão que pode atrapalhar o sonho do inédito ouro do Brasil. A seleção alemã é bem treinada, tem entrosamento e faz uma campanha convincente. E, claro, tem o componente emocional a seu favor para a decisão no Maracanã.
Apenas um jogador alemão esteve em Belo Horizonte naquele 8 de julho de 2014: o zagueiro Matthias Ginter, 22 anos, do Borussia Dortmund, que foi reserva em toda a campanha do tetracampeonato. Ao contrário do Brasil, que fez força para ter Neymar, Marquinhos e Felipe Anderson, a Alemanha não encarou o torneio como prioridade e abriu mão de seus principais jovens. Joshua Kimmich, Emre Can e Julian Draxler disputaram a Eurocopa da França e, por isso, ficaram de fora da Rio-2016, assim como outros atletas que não foram liberados por suas equipes.
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A concorrência com os clubes europeus também impediu que estrelas do futebol local fossem chamados entre os três atletas acima de 23 anos. Foram escolhidos os irmãos gêmeos Bender, Lars e Sven, e Nils Petersen, todos de 27 anos. Lars joga no Bayer Leverkusen e Nils no Borussia Dortmund. São volantes com experiência na equipe adulta e titulares da equipe olímpica. Já Petersen, atacante alto, jamais vestiu a camisa da seleção principal. Tem passagens por Bayern de Munique e Werder Bremen, mas se destacou no Freiburg na conquista da segunda divisão alemã na temporada passada. Marcou seis gols na Rio-2016, mas deve ser opção apenas para a segunda etapa.
Os principais jogadores da equipe são revelações: Julian Brandt, 20 anos, atacante do Bayer Leverkusen, e o capitão Max Meyer, 20 anos, do Schalke 04. O meia Serge Gnabry, 21 anos, promessa do Arsenal, também vem se destacando: é o artilheiro do torneio, ao lado do colega Petersen, com seis gols. O goleiro Timo Horn (23 anos) é uma referência do Colônia na Bundesliga e, apesar de ter levado cinco gols na Rio-2016 (o brasileiro Weverton ainda não foi vazado), faz uma boa competição.
Mestre – Outro personagem importante do time está no banco de reservas: o técnico Horst Hrubesch, ex-jogador de sucesso (marcou dois gols na final da Euro de 1980, vencida pela Alemanha), trabalha desde 2000 nas categorias de base e é considerado um dos “pais” do 7 a 1. Hrubesch foi o treinador da seleção campeã da Eurocopa sub-21 de 2009, um embrião do time tetracampeão em 2016, já que contava com atletas como Manuel Neuer, Sami Khedira, Jérôme Boateng, Mesut Özil e Mats Hummels.
Aos 65 anos e prestes a se aposentar, o técnico planeja levar a medalha de ouro no Rio e preparar uma nova geração de estrelas do futebol mundial. Os gols da equipe na Rio-2016 mostram claramente o trabalho do técnico: transições rápidas, tabelas e passes de primeira e boa bola aérea. Em sua coletiva na prévia, o treinador disse que o Brasil é quem deveria se preocupar com o ataque alemão. “Nós vamos jogar contra o Brasil e não apenas contra Neymar. Eu deveria perguntar: como vocês vão parar nosso ataque? Marcamos 21 gols. Deveriam pensar nisso”, disse, aos jornalistas.
A Alemanha tem campanha idêntica a do Brasil: dois empates e quatro vitórias convincentes. Empatou em 2 a 2 na estreia diante dos atuais campeões, o México, e em 3 a 3 com a Coreia do Sul. Em seguida, goleou Fiji por 10 a 0 (no Mineirão), atropelou Portugal por 4 a 0 e na semifinal eliminou a Nigéria com vitória por 2 a 0. Assim como o Brasil, a Alemanha jamais conquistou uma medalha de ouro no futebol desde a unificação do país – a extinta Alemanha Oriental foi campeã nos Jogos de Montreal-1976.