Dica do dia: não se emocione com a próxima despedida de Massa
No 'adeus que não houve', brasileiro recebeu homenagens dignas de um ídolo incontestável
Por Luiz Felipe Castro
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Atualizado em 4 jun 2024, 20h41 - Publicado em 16 jan 2017, 17h57
Foi impossível não se emocionar naquele domingo. Até mesmo quem não é fã de Felipe Massa ou de automobilismo, mas estava com a TV ligada ouvindo um eufórico Galvão Bueno, ficou tocado ao ver o piloto brasileiro se despedir de Interlagos, sob lágrimas e aplausos, abraçado por familiares e reverenciado por todas as escuderias da Fórmula 1. Cena semelhante se repetiu no último GP, em Abu Dhabi. Desmotivado pela falta de competitividade de sua Williams e satisfeito com uma carreira de sucesso, Massa estava decidido a não correr mais na F1 e teve a despedida sonhada – mais até do que merecia, convenhamos. Nesta segunda-feira, porém, todas aquelas belas imagens perderam sentido.
Em entrevista exclusiva a VEJA no fim de novembro, Massa se disse “um cara de muita sorte” e contou que as emoções vividas em Interlagos em 2016 foram indescritíveis. “Caramba, o automobilismo parou naqueles instantes para se despedir, foi uma grande homenagem, impossível descrever a sensação.” Massa parece ter gostado tanto que decidiu sentir tudo novamente. É provável, no entanto, que pouca gente acredite em seu novo adeus em 2017. Nesta segunda, em comunicado da Williams, ele disse não se preocupar com as consequências negativas. “Sou muito grato por tudo o que aconteceu no ano passado. Independentemente do que aconteça este ano, sempre deixarei o esporte de cabeça erguida”, desconversou.
Massa não é o primeiro atleta de elite a desistir da aposentadoria. Até lendas como Pelé, Michael Jordan e Michael Schumacher voltaram à ativa e não arranharam suas imagens por isso. O que chama a atenção na escolha de Massa é a velocidade com a qual mudou de ideia e suas possíveis motivações. Afinal, Massa reclamava da falta de competitividade de sua Williams. Ora, o que será que mudou no carro de dezembro para cá? Nesta segunda, o “ex-aposentado” ainda chegou a dizer que “não voltaria a correr por nenhuma equipe a não ser a Williams.” Faria muito mais sentido se ele tivesse voltado, por exemplo, para assumir a vaga de Nico Rosberg na Mercedes – que, ao contrário dele, se aposentou de verdade e sem fazer alarde; e campeão. O escolhido, no entanto, foi o finlandês Valtteri Bottas, justamente o ex-parceiro de Massa na Williams.
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A lógica indica, portanto, que motivações financeiras tenham feito Massa mudar de ideia – o que seria absolutamente compreensível, ele é profissional e tem todo o direito de ganhar seu dinheiro de forma honesta, como sempre fez. Ele, no entanto, desconversou sobre o peso dos euros. “Não vou discutir os valores ou detalhes das negociações. Tudo que direi é que fiz a escolha correta e estou feliz de continuar na equipe.”
Outra possibilidade é a de Massa ter simplesmente atendido a um apelo dos amigos. O brasileiro é ótima pessoa (por isso é tão respeitado e querido na categoria), e é possível que seu retorno tenha mais a ver com o clima de camaradagem que ele mantém com a Williams do que qualquer outra coisa. A escuderia precisava dele e ele topou ajudar. Ponto. Qualquer que tenha sido a motivação, é direito dele se aposentar quando bem entender. Só não espere por novas emocionadas homenagens. Nesta segunda, foi impossível não se sentir enganado.
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