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Chapecó: a emoção de uma cidade inteira em campo

Na primeira tarde após a tragédia de Medellín, a comoção pela perda da equipe profissional de futebol

Por Alexandre Salvador, de Chapecó
Atualizado em 30 nov 2016, 10h52 - Publicado em 30 nov 2016, 10h30

Para quem vem do Rio Grande do Sul, a cidade de Chapecó é a primeira a se alcançar depois de cruzar a margem do rio Uruguai. É uma região orgulhosa de sua economia, lastreada pelos grandes produtores de suínos e aves. Mas, recentemente, havia outro motivo para aumentar a alegria dos cidadãos: o time da Chapecoense, a Chape. Bastava chegar ao perímetro urbano para logo encontrar as bandeiras em verde e branco, com o escudo do clube fundado em 1973. 

No final da tarde desta terça-feira esse orgulho se manifestava de maneira intensa, porém silenciosa. O comércio de portas fechadas, as pessoas fardadas com os vários modelos de uniforme da equipe, caminhando cabisbaixos pelas ruas, indicavam que nada estava normal. Ao entrar na Arena Condá, encravada no topo de uma parte elevada de Chapecó, a estranheza do momento se acentuava. Havia torcida, mas não havia festa ou barulho. Olhando nos olhos dos presentes às tribunas, via-se toda a apreensão, a perplexidade pela tragédia que ceifou de uma só vez praticamente o time inteiro.

Avançando pelo gramado do estádio, extremamente bem cuidado, a tensão aumentava. Na porta dos vestiários da Arena, famílias reuniam-se em oração e lágrimas. A cada cumprimento, as pessoas repetiam as lamentações e os relatos de que, por uma razão ou outra, escaparam do voo que caiu na Colômbia por pouco. O interior dos vestiários servia de refúgio para os parentes que chegavam em busca de notícias. O pequeno santuário, com algumas imagens de Nossa Senhora, estava repleto de velas acesas.

Ao cair da noite, para quem estava dentro do estádio, o som baixo de violinos nas caixas de som começou a ser abafado por outro bem mais alto, e que se intensificava com a chegada de mais e mais pessoas às arquibancadas. Uma multidão que partiu em passeata da catedral da cidade, a menos de um quilômetro da Arena Condá, caminhava pelas ruas cantando as músicas que empurravam a equipe dentro de campo.

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Conforme o estádio ia enchendo, os gritos iam se intensificando. Começou com uma exaltação aos jogadores, chamados nominalmente, depois o presidente da Chapecoense, Sandro Pallaoro, morto no acidente. Com a Arena praticamente lotada, 15.000 vozes gritam pelo “campeão”. A movimentação tirou os familiares de dentro do vestiário, levou-os ao centro do gramado. Fez-se, então, um círculo gigante, que ocupou quase todo o campo. Uma “Ave Maria” coletiva serviu de conforto para quem estava dentro e fora do estádio. Esvaziando lentamente, alguns torcedores passaram a noite acampados na porta da arena.

A promessa é de que nesta quarta, no horário em que a Chapecoense deveria entrar em campo contra o Atlético Nacional, da Colômbia, haja novamente casa cheia na Arena Condá. Às 21h45, foi convocada uma nova homenagem às vítimas do acidente. Todos devem vestir a camisa da equipe, o que nem precisaria ser pedido. O uniforme da Chape já é parte inseparável de qualquer chapecoense.

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