O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou a investidores e clientes do Banco Bradesco, nesta sexta-feira, que o resultado fiscal do governo central anunciado na quinta-feira “mostra que a economia brasileira precisa ser redirecionada”. O governo central registrou déficit de 17,2 bilhões em 2014, o primeiro da série histórica iniciada em 1997.
Levy destacou que no ano passado houve queda de mais de 7% nos investimentos. “O objetivo do governo é dar clareza para onde vai e, para isso, precisaremos de cooperação e contribuição de todo mundo”, afirmou. Sobre o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), o ministro comentou a cifra de 400 bilhões de reais e avaliou que “não poderia continuar naquele ritmo”. Ele disse também que o Brasil tem capacidade de criar crédito de médio a longo prazo.
Levy disse que para redirecionar a economia é preciso haver confiança. “O papel do governo é criar uma situação fiscal que dê segurança a todos”, afirmou. Para o ministro, também é essencial o corte de gastos do governo. “A lei de responsabilidade fiscal exige este exercício (de cortar gastos)”, comentou. Nesse sentido, Levy citou a reversão de algumas desonerações.
Leia também:
Levy desperta grande otimismo, diz ministro colombiano
Levy abre o jogo: modelo de crescimento do Brasil mudou
Levy: ‘Não estamos aqui para fazer remendo’
Crescimento – Sobre a retomada da atividade econômica no Brasil, o ministro afirmou que “há muita coisa que o governo não vai fazer” e que “a retomada da atividade depende de investidores”. “Nosso papel é garantir ambiente seguro ao investidor”, disse Levy. Na avaliação do titular da Fazenda, o Brasil tem todas as condições para passar para um novo estágio. “Não vamos ficar presos à armadilha da renda intermediária que outros países têm”, pontuou.
Levy destacou que o governo tem o compromisso de ampliar e lançar novas concessões e que pretende aproveitar o mercado de capitais e a poupança doméstica e externa para voltar a crescer. “Precisamos entender que os termos de troca mudaram”, disse.
Câmbio – O ministro chegou a dizer também que “não há intenção de manter o câmbio artificialmente valorizado”, mas, em nota, a assessoria de imprensa da Fazenda esclareceu que Levy estava se referindo ao cenário internacional e não ao Brasil.
Investidores – Levy recebeu nesta manhã investidores institucionais estrangeiros que desembarcaram em Brasília para obter, justamente, informações sobre o ajuste fiscal do governo em 2015. O grupo estava preocupado, sobretudo, com as negociações políticas no Congresso Nacional para aprovação de medidas de austeridade fiscais, entre elas, as novas regras para o seguro-desemprego, que vêm desencadeando protestos de centrais sindicais.
(Com Estadão Conteúdo)