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Levy: ‘Não estamos aqui para fazer remendo’

Em Davos, ministro reiterou que medidas de ajuste miram o longo prazo e reconheceu que a economia brasileira levará um tempo para reagir

Por Ana Clara Costa, de Davos
21 jan 2015, 17h29

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou nesta quarta-feira que deve-se ter cautela com as previsões econômicas, levando em conta que há ainda incertezas sobre o ritmo da recuperação brasileira. Levy também disse que as medidas de ajuste que estão sendo implementadas pelo governo miram o longo prazo e que a economia levará algum tempo para reagir.

“Tivemos uma recessão, depois deu uma melhorada, mas é muito provável que a gente continue subindo. O investidor institucional tem de saber que estamos trabalhando com o longo prazo, não com o curtíssimo prazo. Não estamos aqui para fazer remendo. Estamos trabalhando para um crescimento sólido”, disse a jornalistas, após uma série de encontros bilaterais durante o Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça.

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Durante a conversa com jornalistas, Levy sinalizou que o foco de seu governo será, mesmo, a área fiscal. O ministro estudou na Universidade de Chicago – a meca da ortodoxia econômica, que prega o controle dos gastos do estado e da inflação como forma de criar condições para que o setor privado invista e induza o crescimento econômico. Exatamente o oposto do que vinha sendo feito na primeira gestão da presidente Dilma. Levy disse que é a hora de “arrumar a casa”. “Na hora em que estiver tudo no seu devido lugar, as pessoas vão retomar as decisões de investimento. Esse é o caminho para retomar o crescimento”, afirmou.

Diante das previsões fracas de crescimento mesmo para 2016 e 2017, Levy fez uma analogia com a engenharia mecânica para explicar a dinâmica da retomada. “A gente vinha desacelerando que nem carro que pisa no acelerador e vai engasgando. Agora, engrenamos a segunda e vamos acelerar. Vimos que de nada adiantava acelerar em quarta marcha, com todos aqueles estímulos, pois não estávamos tendo tração”, disse o ministro. Levy disse ainda que de nada adianta fazer previsões “ultraotimistas”, e que o governo está “tomando as medidas necessárias”.

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Mercado de trabalho – A diferença entre a escola de Chicago e a desenvolvimentista, da qual a presidente Dilma se mostrou adepta ao longo de todo o primeiro mandato, pode ser analisada na percepção do ministro Levy em relação ao mercado de trabalho. Os liberais de Chicago acreditam, por exemplo, que o estado não deve intervir na formulação de políticas de estímulo ao emprego e aos salários. A teoria liberal prevê que se crie condições macroeconômicas sólidas para que o setor privado invista e gere emprego. Já a desenvolvimentista prega que o estado estimule, seja por meio da criação de vagas no setor público, políticas setoriais ou de aumento salarial, o avanço do emprego.

Questionado sobre suas perspectivas para o mercado de trabalho, que titubeia no Brasil, sobretudo no setor industrial, Levy afirmou que as políticas devem se restringir à simplificação de regras para abertura e fechamento de empresas, por exemplo. “Estamos trabalhando ao máximo para poder antecipar essas medidas, que são de facilitação, de criação de um ambiente para que as pessoas que acreditam no Brasil possam fazer coisas”, afirmou. O ministro disse que, com o fim do boom das commodities, cada vez mais, “as pessoas terão de fazer as coisas, porque vivemos num mundo de competição”.

PIB – No início da tarde, o ministro havia se reunido com empresários em almoço promovido pelo banco Itaú com 80 convidados. O evento era fechado para a imprensa, mas participantes afirmaram que o ministro já trabalhava com a perspectiva de crescimento ‘flat’ do PIB em 2015 – ou seja, próximo de zero, assim como em 2014. Os convidados ouvidos pelo site de VEJA consideraram o discurso do ministro realista e ponderado, diferente do que vinha sendo pregado pelo ex-ministro Guido Mantega. No Fórum de 2014, Mantega veio a Davos para reafirmar os compromissos do governo com o cumprimento da meta fiscal e a inflação. Mas 2014 terminou com um quase rombo nas contas públicas que só foi evitado graças a uma mudança de última hora na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

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Levy ficará em Davos até sábado e participará de encontros bilaterais com autoridades como Christine Lagarde, diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Luis Alberto Moreno, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). No sábado, o ministro será um dos debatedores de um dos principais painéis do Fórum: o Global Economic Outlook, que traça as perspectivas para a economia global em 2015.

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