Assine VEJA por R$2,00/semana
Reinaldo Azevedo Por Blog Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
Continua após publicidade

Risco de contágio coloca em xeque atuação do BCE

Por Ana Clara Costa e Beatriz Ferrari, na VEJA Online. Volto depois: A crise da dívida europeia já começa a respingar em campos antes considerados imunes. A taxa de retorno sobre os títulos da dívida de países como Áustria, Holanda, Finlândia e até mesmo a França disparou nos últimos dias. O prêmio de risco dos […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 10h09 - Publicado em 16 nov 2011, 22h29
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Por Ana Clara Costa e Beatriz Ferrari, na VEJA Online. Volto depois:

    A crise da dívida europeia já começa a respingar em campos antes considerados imunes. A taxa de retorno sobre os títulos da dívida de países como Áustria, Holanda, Finlândia e até mesmo a França disparou nos últimos dias. O prêmio de risco dos títulos franceses com vencimento em 10 anos passou de 2,5% em setembro para 3,68% nesta quarta-feira. Os números não são alarmantes, se comparados aos da Itália – cujo prêmio pago aos compradores dos títulos de 10 anos ultrapassa 7%. Contudo, a situação revela que o mercado não está disposto a confiar nem mesmo naqueles que são considerados “confiáveis”.

    Publicidade

    A pressão sobre os títulos significa que os investidores estão desconfiados e exigem um prêmio muito maior para comprar os papéis dos países europeus. Dependendo do aumento das taxas de retorno, algumas economias poderão ter dificuldades em captar e rolar suas dívidas no futuro, o que complica ainda mais o quadro de endividamento. Com esse movimento de desconfiança em cadeia, o mercado quer passar uma mensagem clara de que as taxas só deixarão de subir quando o Banco Central Europeu (BCE) resolver intervir e garantir as emissões feitas pelos países da zona do euro que estão em dificuldades. “O mercado está exigindo uma atuação mais eficaz do BCE. Ele precisa acreditar que o BCE vai impedir a piora da crise”, afirma Bob Baur, economista-chefe da Principal Global Investors, gestora de recursos sediada em Nova York.

    Publicidade

    No entanto, o BCE não prometeu, até o momento, que tomará qualquer atitude de proteção aos títulos europeus. O que a autoridade monetária fez foi comprar, na última semana, cerca de 5 bilhões de euros em emissões italianas – um volume pequeno se comparado à dívida total do país, que é de 120% do Produto Interno Bruto (PIB). “O único jeito de sair desse círculo vicioso é o BCE fazer o que o banco central americano fez nos Estados Unidos: virar credor de última instância”, afirma o economista Robert Wood, da Economist Intelligence Unit (EIU). Ser credor, nesse caso, significa comprar uma ampla parcela (ou a totalidade) dos títulos da dívida dos países em crise.

    Se, por um lado, o mercado pressiona o banco para que ele se torne credor quase que universal da dívida europeia, por outro, o BCE pressiona os países endividados a aplicar reformas internas para conseguir honrar o compromisso de suas dívidas. “O BCE mostra que não vai intervir comprando títulos enquanto os países não começarem as reformas. É a forma que o banco encontrou de pressionar as economias periféricas”, afirma Baur, da Pincipal Global Investors. E, neste ponto, está o grande impasse. O mercado não acredita que os países consigam aplicar as reformas se não tiverem sua captação externa garantida pelo BCE. “O BCE hoje compra títulos de maneira muito limitada, e não a um nível que daria folga para esses países introduzirem reformas eficazes”, afirma Wood, da EIU.

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    Uma das principais discussões na Europa é justamente se o BCE deve ampliar seu leque de atuação para além do mero controle da inflação. Alemanha e França são contra. A versão oficial é que a autoridade já está quase ultrapassando seu limite de compra de títulos estabelecido pelas leis que regem a União Europeia. “Da forma como enxergamos os acordos na União Europeia, o BCE não pode resolver os atuais problemas”, afirmou a chanceler alemã Angela Merkel. O mercado terá uma noção maior da disposição do BCE em comprar títulos a partir desta quinta-feira, quando França e Espanha realizarem as emissões previstas, de 8,2 bilhões de euros e 4 bilhões de euros, respectativamente.

    Os Estados Unidos e a Inglaterra tomaram para si os anseios do mercado e vêm falando abertamente sobre a necessidade de uma atuação mais próxima da autoridade monetária europeia. Segundo o secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, a Europa não está fazendo o suficiente para superar a crise. “Há muitas formas de o BCE atuar de maneira mais eficaz, apoiando mais a economia europeia”, afirmou Geithner ao Wall Street Journal. Segundo ele, é preciso que haja uma atuação em conjunto da autoridade monetária e dos governos dos países. Já na Inglaterra, a descrença em relação ao BCE é tão grande que o Tesouro inglês já está até mesmo traçando um plano de contingência para caso o euro não suporte a pressão da crise e comece a ruir.

    Publicidade

    Comento
    Meu comentário, na verdade, é uma sugestão de leitura. Poucos políticos brasileiros têm formação intelectual e condições de debater com competência a situação européia – e, convenham, também a brasileira… Já sei que lá vem patrulha (e todos sabem a importância que dou pra isso, não?), mas sugiro: leiam o que José Serra andou escrevendo em seu blog e em artigos de jornal a respeito da crise. Hoje, em seu blog, há um Decálogo da crise européia. No dia 27 de outubro, Decifra-me ou te devoro, publicado originalmente no Estadão. No dia 11 de agosto, já tinha abordado os efeitos das turbulências na Zona do Euro na economia brasileira em O Brasil e a crise: estresse, não catástrofe. Serra tem uma outra particularidade na comparação com a esmagadora maioria dos políticos: ele realmente escreve os textos que assina.

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.