SÃO PAULO, 5 de março (Reuters) – As ações e outros ativos de risco tiveram um dia negativo nesta segunda-feira, após a China ter cortado sua meta de crescimento econômico para este ano e dados na zona do euro intensificarem temores de uma recessão no bloco monetário.
A Bovespa e o real seguiram seus pares internacionais e perderam valor, enquanto os juros futuros ficaram perto da estabilidade, a dois dias da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom).
O premiê chinês, Wen Jiabao, reduziu a meta de crescimento da economia chinesa em 2012 para 7,5 por cento, menor taxa em oito anos, e destacou como prioridade impulsionar a demanda do consumidor, com esperanças de reduzir a dependência da demanda e fluxo de capital externos.
A China é uma voraz consumidora de matérias-primas, e as expectativas de menor demanda pelo país golpearam setores ligados a commodities, como os de energia e mineração. Não por acaso, Vale e Petrobras ditaram a maior influência negativa na bolsa brasileira.
As notícias vindas da Europa não foram melhores. O índice composto que mede a atividade de empresas manufatureiras e de serviços da zona do euro caiu para 49,3 por cento em fevereiro, abaixo da leitura preliminar de 49,7 e da leitura de janeiro, de 50,4. Leituras abaixo de 50 indicam contração na atividade.
Ainda assim, o euro operava em ligeira alta ante o dólar, refletindo realização de lucros na moeda norte-americana. Mas a divisa dos EUA subiu no Brasil pela segunda sessão consecutiva, com investidores receosos de que o governo possa anunciar mais medidas no câmbio.
Na Alemanha, a presidente Dilma Rousseff afirmou que outras medidas estão sendo analisadas, mas negou haver estudo para a imposição de uma “quarentena”, que estabeleceria um prazo mínimo de permanência do capital estrangeiro no país.
A pauta local reservou o relatório Focus do Banco Central, que mostrou manutenção nas estimativas do mercado para um corte de 0,50 ponto percentual sobre a Selic na próxima quarta-feira, em linha com o apurado em pesquisa da Reuters.Na curva futura, contudo, o mercado também considera apostas de uma redução maior, de 0,75 ponto.
Antes da decisão do Copom, o mercado vai repercutir na terça-feira o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no quarto trimestre.
De acordo com a mediana de previsões de 29 analistas ouvidos pela Reuters, o país deve ter crescido 0,2 por cento no quarto trimestre de 2011 ante o período anterior, quando ficou estagnada após aumentos de juros no começo do ano para segurar a alta dos preços.
Veja como ficaram os principais mercados financeiros nesta terça-feira:
CÂMBIO
O dólar fechou a 1,7367 real, em alta de 0,24 por cento frente ao fechamento anterior.
BOVESPA
O Ibovespa caiu 1,21 por cento, para 66.964 pontos. O volume financeiro na bolsa foi de 6,09 bilhões de reais.
ADRs BRASILEIROS
O índice dos principais ADRs brasileiros caiu 1,55 por cento, a 34.499 pontos.
JUROS <0#2DIJ:>
No call das 16h, o DI janeiro de 2014 estava em 9,590 por cento ao ano, estável ante o ajuste anterior.
EURO
Às 18h18, a moeda comum europeia era cotada a 1,3217 dólar, ante 1,3201 dólar no fechamento anterior nas operações norte-americanas.
RISCO-PAÍS
O risco Brasil permanecia estável em 190 pontos-básicos. O EMBI+ cedia 1 ponto, a 323 pontos-básicos.
BOLSAS DOS EUA
O índice Dow Jones fechou em queda de 0,11 por cento, a 12.962 pontos, o S&P 500 registrou desvalorização de 0,39 por cento, a 1.364 pontos, e o Nasdaq perdeu 0,86 por cento, aos 2.950 pontos.
PETRÓLEO
Na Nymex, o contrato de petróleo mais curto teve variação positiva de 0,02 dólar, ou 0,02 por cento, a 106,72 dólares por barril.
TREASURIES DE 10 ANOS
O preço dos títulos do Tesouro norte-americano de 10 anos, referência do mercado, caía, oferecendo rendimento de 2,0052 por cento, frente a 1,979 por cento no fechamento anterior.
(PANORAMA1, PANORAMA2 e PANORAMA3 são localizados no terminal de notícias da Reuters pelo código )(Por José de Castro; Edição de X)