O mercado segue bastante pessimista com o desempenho da economia brasileira e voltou a piorar as estimativas para os principais indicadores econômicos do país. Os analistas consultados pelo Banco Central para produção do boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, projetaram uma queda ainda maior no PIB de 2015 e 2016: de 2,7% e 0,8%, respectivamente – na semana passada, as previsões eram de baixa de 2,55% e 0,6%. É a décima semana seguida em que a expectativa do PIB deste ano é ajustada para baixo. Se confirmado, será o pior resultado da economia brasileira desde 1990, quando ela retraiu 4,35%.
Em relação à inflação, os economistas projetaram um aumento no indicador, de 9,28% para 9,34%. Na semana passada, a estimativa ainda havia tido uma ligeira queda, de 0,01 ponto porcentual. Se continuar nessa trajetória, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medidor oficial da inflação, alcançará o maior patamar desde 2003 – quando chegou a 9,30%. Além disso, o IPCA está muito acima do centro meta definida pelo governo, de 4,5%.
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Para 2016, o quadro inflacionário também é pior: a estimativa foi reajustada de 5,64% para 5,70%. A convergência da inflação para dentro da meta no próximo ano é uma das maiores apostas do governo para a retomada do crescimento econômico. Mas por enquanto tudo indica que isso levará mais tempo para acontecer. Um dos principais fatores que está pressionando o aumento dos preços é a crescente valorização do dólar frente ao real. Os analistas, inclusive, já preveem que a moeda americana chegue a 4 reais em 2016 – na semana passada, a projeção era de 3,80 reais. Para 2015, eles esperam que a divisa encerre o ano valendo 3,86 reais ante 3,70 na última segunda.
Dólar – A tensão no cenário político e a possibilidade de um novo rebaixamento por outra agência de classificação de risco levaram o dólar a atingir a segunda maior cotação da história na última sexta-feira – 3,95 reais. E a tendência é que essa trajetória de alta se mantenha, com as rusgas que podem ser criadas com a nova reforma ministerial e as dificuldades do governo de conseguir aprovar o pacote fiscal anunciado na última semana, que inclui a recriação da CPMF.
Em relação à taxa básica de juros (a Selic), uma das principais ferramentas usadas pelo governo para conter a inflação, a previsão é que ela se mantenha em 14,25% até o fim do ano, em linha com o último reajuste feito pelo Banco Central. Para 2016, o mercado aposta numa redução gradativa da Selic até chegar à casa dos 12,25%.
O boletim Focus é produzido com a estimativa de mais de cem instituições financeiras e divulgado às segundas pelo Banco Central.
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(Da redação)