A J&F Holding divulgará nesta quarta-feira um comunicado ao mercado sobre um acordo de intenção para aquisição da Delta Construção – empreiteira do empresário Fernando Cavendish, que é líder em obras do PAC e que está envolvida nas denúncias que mostram as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos de todo o país.
Fonte próxima à negociação revelou ao site de VEJA que as duas empresas ainda não chegaram a um ‘desenho’ definitivo para a conclusão do negócio. Como informações desencontradas sobre as negociações vazaram na imprensa nos últimos dias, a J&F Holding revelará nesta quarta todas as possibilidades em estudo para aquisição da empresa, tais como as condições que imporá e os prazos para eventual concretização do negócio. O valor da operação segue indefinido. Em resumo, os diálogos estão avançados, mas não está nada fechado.
Tema em Foco: CPI do Cachoeira
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A J&F é a holding dos irmãos Joesley, Wesley e José Batista que controla a JBS, a maior companhia de carne bovina do mundo. A empresa também é dona da Vigor, da Flora, do Banco Original e da Eldorado Brasil.
Meirelles – Ainda segundo a fonte, está descartada a possibilidade de o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, atual presidente do conselho de administração da J&F, assumir diretamente o comando da construtora caso a venda se concretize.
Já existe um empresário definido para assumir esse papel na hipótese de a Delta ser incorporada à holding J&F. O anúncio de seu nome não será, contudo, realizado nesta quarta-feira, quando o mercado conhecerá outros detalhes da operação. “Ficará para os próximos dias”, diz a fonte.
Meirelles continuará como presidente consultivo da holding. Isso significa que a Delta, se for adquirida pela companhia, ficará indiretamente sob sua orientação. É a J&F que define todas as estratégias e metas das empresas operacionais que estão sob seu guarda-chuva. Todos os presidentes das companhias – JBS, Vigor, Flora, Banco Original e Eldorado Brasil – têm de responder à holding.
Dificuldades – Em 19 de abril, o empresário Fernando Cavendish externalizou sua preocupação com a possibilidade de a Delta ter de pedir falência em decorrência da enxurrada de notícias na imprensa sobre as acusações do Ministério Público. “Cria-se um clima péssimo na empresa, os bancos vão suspender toda a nossa linha de crédito. Aí vem a Receita Federal. (…) Não tenho caixa. Se eu não receber antes de acabar meu dinheiro, eu quebrei”, disse.
No dia seguinte, alegando justamente dificuldades para obter financiamento bancário para suas operações, a Delta suspendeu os aportes para uma de suas principais obras: a reforma do Maracanã. Em 21 de abril, a empresa abandonou o consórcio responsável pelo empreendimento.
Foi o que bastou para uma seqüência de acontecimentos desfavoráveis à empreiteira. O governo de Goiás anunciou a abertura de uma auditoria nos contratos firmados com a Delta. Sérgio Cabral, governador do Rio de Janeiro e amigo pessoal do dono da empresa, fez o mesmo. Também pressionado pelas denúncias, o governo do Distrito Federal não ficou atrás: abriu processo administrativo que pode culminar no rompimento de qualquer parceria com a construtora.
Em 25 de abril, Fernando Cavendish afastou-se do comando da Delta.