O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informou nesta quarta-feira que interditou e suspendeu a exportação de quatro estabelecimentos, todos sediados no Tocantins, em uma ação da segunda fase da Operação Lucas, que foi batizada de Operação Vegas.
De acordo com o ministério, as empresas Minerva S.A., LKJ, Boi Brasil e Gelnex Indústria e Comércio Ltda “serão interditadas e irão passar por auditorias com o objetivo de garantir que não haverá riscos à saúde pública”. O órgão disse que “já determinou o auto embargo de exportações” desses quatro estabelecimentos.
A Polícia Federal cumpriu nesta quarta-feira mandados referentes à segunda fase da operação. A ação desta manhã tinha como alvo crimes de corrupção supostamente cometidos por servidores do Mapa e por frigoríficos e laticínios localizados nos municípios de Araguaína, Nova Olinda e Gurupi – todos no Tocantins.
Foram deslocados 115 policiais federais para o cumprimento de 51 mandados judiciais. Também foram cumpridos mandados nos estados do Maranhão e Minas Gerais e nos municípios tocantinenses de Araguaína, Gurupi, Palmas e Paraíso do Tocantins. Os investigados poderão responder pelos crimes de corrupção passiva e ativa, cujas penas podem chegar a 12 anos de prisão.
De acordo com o ministério, os servidores “envolvidos na investigação serão afastados e investigados por meio de Processo Administrativo Disciplinar (PAD) junto à Corregedoria do Ministério. Quanto a servidores conveniados de governo estadual ou municipal, serão substituídos”.
A PF informou que a operação foi batizada em alusão a um diálogo interceptado, no qual um dos investigados afirma que tudo que se passa em Vegas fica em Vegas.
A VEJA tentou entrar em contato com os quatro estabelecimentos citados pelo ministério, mas não obteve retorno até a publicação desta nota.
Histórico
Em maio, a PF deflagrou a Operação Lucas para apurar denúncias de que frigoríficos e empresas de laticínios fiscalizados pelo Ministério da Agricultura teriam sido favorecidos em processos administrativos. Utilizando recursos como quebra de sigilo fiscal e bancário, a PF apurou que a então chefe de Fiscalização do Ministério da Agricultura recebia, de empresas fiscalizadas pelo órgão, valores mensais para as suas despesas pessoais.
À época, a PF informou que o esquema criminoso movimentou cerca de três milhões de reais entre os anos de 2010 a 2016. A Justiça também determinou o bloqueio de contas bancárias e indisponibilidade de bens avaliados em cerca de 2,2 milhões de reais.