A Europa é afetada nesta quarta-feira por uma greve geral de dimensões inéditas – sindicatos de sete países convocaram paralisações e protestos contra o arrocho fiscal, dos salários e dos gastos públicos implantados para combater o déficit público e a crise na zona do euro. As paralisações foram marcadas na Espanha, França, Portugal, Grécia e Itália, além de Malta e Chipre. Também são esperados protestos na Alemanha e na Bélgica. Na Espanha, a greve teve início com uma adesão “em massa”, segundo os sindicatos. Já o governo do país informa que a adesão da greve é “desigual” entre os trabalhadores. Desde o início dos protestos nesta quarta-feira, 32 espanhóis foram presos e 12 pessoas ficaram feridas – quatro delas, policiais.
O protesto, convocado pelos sindicatos e organizações sociais contra as políticas de cortes do governo, é a segunda greve geral que o primeiro-ministro Mariano Rajoy enfrenta desde dezembro, quando assumiu o poder. As centrais sindicais informaram que houve uma enorme adesão nos grandes setores industriais e de serviços, assim como nos mercados, em grandes obras de infraestrutura e nas indústrias energéticas.
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O governo, no entanto, assinalou que a greve tem uma incidência desigual nos mercados e baixa no transporte, e registrou o fechamento pontual de algumas fábricas de automóveis. A diretora geral de Política Interna, Cristina Díaz, disse à imprensa que estão sendo cumpridos os serviços mínimos pactuados com as centrais sindicais e que não há grandes alterações, apesar de alguns distúrbios terem terminado com detenções e feridos, a maior parte deles na capital espanhola, Madri. A greve forçou o cancelamento de 131 voos nas primeiras horas do dia. Das 2.322 viagens programadas para hoje, 1.344 estão protegidas pelo acordo.
Portugal e Espanha, onde os protestos começaram à meia-noite do horário local, são os países mais afetados pelas paralisações – e as companhias aéreas locais recomendam aos passageiros que verifiquem, antes de dirigir-se aos aeroportos, se seus voos serão mantidos. Em Portugal, a expectativa é de protestos massivos nas ruas contra as medidas de austeridade e a “troika” – grupo formado por União Europeia (UE), Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI), que supervisiona a aplicação das reformas em troca de ajuda financeira.
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Cerca de 40 grupos de 23 países estão envolvidos nas manifestações desta quarta. A Confederação Europeia de Sindicatos exortou os trabalhadores a cruzarem os braços. “A austeridade é um beco sem saída e deve ser abandonada”, disse o grupo em um comunicado.
A paralisação na Grécia é a terceira em dois meses. No país, as manifestações já começaram desde terça-feira e devem prosseguir ao longo do dia.
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Serviços básicos – O governo e os sindicatos entraram em acordo para que serviços básicos continuem a ser prestados durante a greve. Trens e metrôs, por exemplo, funcionarão com 35% da capacidade e, na súade, estão garantidos tratamentos de emergência, diálise e radioterapia. Além disso, várias empresas deverão funcionar em capacidade mínima, entre elas as fábricas de Nissan, Seat, General Motors-Opel, PSA Peugeot Citröen, Volkswagen e Ford.
A administradora aeroportuária Aena prevê 2.322 decolagens e aterrissagens nos terminais espanhóis, dos quais 1.344 estão protegidos pelo acordo entre sindicatos e governo. A limpeza pública, porém, deve ser comprometida. A adesão à greve é geral no serviço de coleta de lixo de Madri, segundo CCOO e UGT, que asseguraram que nesta quarta-feira poucos caminhões sairão às ruas.