O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, deve elevar os juros básicos nesta quarta-feira, segundo previsão de economistas. A Selic está hoje em 12,25%, maior patamar desde junho de 2011, quando a taxa também se encontrava em 12,25%. Há poucas semanas economistas apostavam em alta de 0,25 ponto porcentual (p.p.) para esta reunião, que começou na terça-feira, mas, com novos dados de inflação e a acelerado do dólar, muitos analistas já esperam elevação de 0,5 p.p..
Recentemente o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou que a prévia da inflação de fevereiro (IPCA-15) disparou para 1,33% no mês, acima do visto em janeiro (0,89%) e o índice mais elevado desde fevereiro de 2003, quando atingiu 2,19%. O dólar também atingiu máximas de 10 anos, ultrapassando a barreira de 2,90 reais durante o pregão de terça-feira.
“Devido à depreciação recente da taxa de câmbio e a pressão já elevada da inflação de curto prazo, acreditamos agora que o Copom manterá o ritmo de 0,50 p.p. de alta na taxa Selic em sua próxima reunião (antes, esperávamos uma desaceleração para 0,25 p.p.)”, disseram, em relatório, analistas do Bradesco.
Se subir para 12,75% ao ano, a Selic estará no maior patamar desde janeiro de 2009, quando estava em 13,75% ao ano.
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No relatório semanal Focus, a mediana das expectativas dos economistas ouvidos pelo BC aponta para uma Selic em 13% ao fim deste ano – antes era esperada 12,75%. Já para a inflação, medida pelo IPCA, as estimativas apontam para 7,47% em 2015, também acima do esperado na semana anterior (7,33%).
Economistas da consultoria econômica Rosenberg concordam com o Focus e esperam alta de 0,5 p.p. nesta reunião e mais um aumento de 0,25 p.p. em abril, encerrando o ciclo de aperto. “Assim, o Copom seguiria em linha com o discurso mais duro do Banco Central no combate a inflação da ata da última reunião”, dizem em relatório.
Em sua ata da última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) destacou que os esforços feitos até agora para conter os avanços da inflação não foram, ainda, suficientes. Na ocasião, o Comitê decidiu elevar os juros básicos de 11,75% para 12,25% por unanimidade.
O economista Richard Rytenband também espera alta de 0,5 p.p. para esta quarta, mas lembra que está em curso no país um amplo movimento de corte de gastos públicos e aumento de impostos que pode arrefecer a economia e os preços.
“Com o forte ajuste recessivo que está em curso, espero ainda este ano, no último trimestre, o início da reversão deste ciclo de aperto monetário”, disse ao site de VEJA. Ele explica que a inflação deve refletir com atraso as medidas que estão sendo implementada e, por isso, em 2016 o IPCA estará em patamar menor do que o de hoje.