Atualmente há 103 milhões de contas correntes abertas no país, mas cerca de 27 milhões delas encerraram agosto no cheque especial. As informações são de um levantamento realizado pelo GuiaBolso e divulgado nesta segunda-feira pelo jornal O Estado de S. Paulo. “Como essas pessoas têm mais de 70% da renda comprometida com outros empréstimos bancários, pagos com débito em conta, já no começo do mês elas são obrigadas a entrar no cheque especial para bancar gastos até com alimentação, sob taxas abusivas”, explica a coordenadora do Programa de Apoio ao Superendividado (PAS) da Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), Vera Remedi. “O que cai de dinheiro na conta serve somente para cobrir o cheque especial, muito caro, e, na prática, a renda da pessoa passa a ser o crédito.”
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O presidente do GuiaBolso, Thiago Alvarez, diz que um quarto dos brasileiros consideram o cheque especial como parte da renda, mas o que impressiona são as altas taxas e o tempo de utilização do limite de crédito. Para contas do Banco Central o empréstimo pessoal consignado (descontado diretamente do salário) e o empréstimo pessoal não consignado têm taxa de juros mensal de 1,9% e 6%, respectivamente, enquanto o cheque especial tem taxa de juros mensal de 8,7%. O economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, lembra que os correntistas devem evitar o cheque limite, utilizando-o no máximo por uma semana quando necessário. Dados do Banco Central apontam, no entanto, que os correntistas recorrem ao cheque especial em média durante 22 dias no mês.
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