Diante de incertezas sobre sua saúde financeira, o Banco de Portugal, o banco central do país, saiu em defesa de sua maior instituição, o Banco Espírito Santo (BES), que está no centro das atenções – e preocupações – do mercado. Segundo o Banco de Portugal declarou nesta sexta-feira, o BES tem capital suficiente para enfrentar as potenciais perdas do Grupo Espírito Santo (GES). Na última semana ganhou corpo a notícia de que a Rioforte, empresa da mesma holding do BES, o Grupo Espírito Santo (GES), atrasou o pagamento de juros de dívidas de curto prazo e que ela não teria mais condições de pagar os demais débitos que vencem na próxima semana. O temor é que a dificuldade da Rioforte acabe prejudicando o banco, não apenas em termos de imagem, mas também em prejuízo financeiro.
Bolsas afetadas – Na quinta-feira, investidores por toda a Europa reduziram sua exposição a bancos, o que levou as bolsas europeias a atingir a mínima em dois meses. O índice português PSI recuou à mínima em nove meses (queda de 4,18% a 6.105 pontos) e exibiu desempenho inferior a dos demais índices europeus. Negociações com ações e títulos do Espírito Santo Financial Group, o principal acionista do Banco Espírito Santo, foram suspensas devido ao anúncio de default técnico da Espírito Santo International (ESI), que também faz parte do Grupo Espírito Santo (GES).
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Para tentar dissipar os olhares desconfiados do mercado e evitar uma corrida aos bancos, com investidores retirando ainda mais recursos da instituição portuguesa, o BC português disse que a segurança dos fundos de investimentos do BES não está comprometida. “Não existem motivos que comprometam a segurança dos fundos confiados ao BES, portanto os depositantes podem ficar tranquilos”, ressaltou o órgão.
Durante a noite, o BES emitiu comunicado pelo qual informa acreditar que um eventual calote da dívida emitida por entidades do GES não ameaça o cumprimento das proporções exigidas de capital, dado que tem um colchão de 2,1 bilhões de euros acima do mínimo necessário.
“O Banco de Portugal esclarece que, tendo em conta a informação divulgada pelo BES e pelo auditor externo (KPMG), o BES detém um montante de capital suficiente para acomodar eventuais impactos negativos decorrentes da exposição assumida perante o ramo não financeiro do GES (Rioforte e ESI) sem pôr em dúvida o cumprimento das proporções mínimas (de capital) em vigor”, informou o BC português em comunicado.
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(Com agência Reuters)